São Paulo – A irresponsabilidade social dos bancos já virou até lugar comum. Lucram muito, mas cobram juros altos, tarifas abusivas e ainda adoecem seus funcionários com tanta pressão por vendas.
Mais um pouco dessa irresponsabilidade pode ser percebida, ainda, quando o tema é a igualdade de oportunidades nas instituições financeiras. As mulheres, 49% da categoria (de acordo com a Rais, Relação Anual de Informações Sociais, de 2013), ganham 24,1 % menos que os homens nos bancos e são apenas 8,4% dos cargos de direção. E isso, apesar de ter escolaridade mais alta: entre os bancários 68,7% têm ensino superior completo, e entre as bancárias o percentual sobe para 74,8%.
Desrespeito que se repete com negros: representam 52% da população ocupada no país, mas somente 21% da categoria é composta por pretos ou pardos, de acordo com a Rais.
Essa situação foi apurada também pelo Censo da Diversidade, conquistado pelos bancários e cujos primeiros resultados foram divulgados em 2009. Em sua segunda edição, de 2014, o Censo aponta que os vícios de discriminação nas instituições financeiras se perpetuam. Pessoas com deficiência (PCDs), por exemplo, são apenas 3,6% da categoria. Assim, nem mesmo a cota de 5% prevista em lei estaria sendo cumprida pelos bancos.
Daí a importância da terceira rodada de negociação da Campanha Nacional Unificada 2015, a ser realizada na quarta-feira 9, entre o Comando Nacional dos Bancários e a federação dos bancos (Fenaban). “Fomos a primeira categoria a ter prevista em Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) uma cláusula que defende a igualdade de oportunidades, em 2000”, lembra a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira. “Ano a ano debatemos formas de diminuir a desigualdade que os bancos teimam em perpetuar. Vamos voltar à mesa, este ano, cobrando que respeitem as disposições contidas na Convenção 100 da Organização Internacional do Trabalho [OIT] e o artigo 2º da Declaração de Direitos Humanos, que estabelece salário igual para trabalho de igual valor”, afirma a dirigente.
O artigo 65 da pauta de reivindicações entregue à Fenaban também prevê que as empresas deverão democratizar o acesso de trabalhadores garantindo que mulheres, negras, indígenas, homoafetivos e pessoas com deficiência tenham igualdade de condições de contratação, independentemente de idade e condições socioeconômicas. “Os bancos, que tanto falam em responsabilidade social, devem muito também neste quesito. Reivindicamos que ampliem a contratação e o acesso à promoção para esses públicos comumente discriminados nas instituições financeiras”, reforça Juvandia.
Fonte: SPBancários.