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Insensível às discriminações, Fenaban rejeita propostas sobre igualdade de oportunidades

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A Fenaban recusou na rodada de negociação desta quarta-feira (9) as reivindicações apresentadas pelo Comando Nacional dos Bancários sobre igualdade de oportunidades, alegando que já existe um bom acordo sobre o tema e que as propostas da categoria para acabar com as discriminações de gênero, raça, orientação sexual e contra pessoas com deficiência constituem uma ingerência dos trabalhadores nas políticas de gestão dos bancos, que segundo os bancos são baseadas na meritocracia.

“Esse discurso repetitivo dos banqueiros demonstra uma grande insensibilidade em relação às graves injustiças que existem dentro dos locais de trabalho, onde as mulheres ganham menos que os homens embora sejam mais escolarizadas e os negros estão subrepresentados e também têm salários inferiores, enfrentando obstáculos maiores para a ascensão profissional”, critica José Avelino, presidente da Federação Centro Norte (Fetec-CUT/CN), que integra o Comando Nacional dos Bancários.

As discriminações foram confirmadas pelo II Censo da Diversidade, conquista da Campanha Nacional dos Bancários de 2013 e realizado em parceria entre a Fenaban e os sindicatos de bancários, cujos dados foram publicados em novembro de 2014. Houve avanços em relação ao I Censo, realizado em 2008, mas ainda insuficientes.

A intransigência dos banqueiros foi a mesma que manifestaram nas rodadas de negociações anteriores sobre emprego e sobre saúde e condições de trabalho.

“As negociações têm sido duras, muito duras, mas estamos mobilizados. Os bancos continuam ganhando muito e vão ter que atender nossas reivindicações”, afirmou o presidente da Contrarf-CUT e um dos coordenadores do Comando Nacional do Bancários, Roberto Von der Osten.

Na negociação, o Comando Nacional ressaltou a necessidade de democratizar o acesso ao trabalho para mulheres, negros, indígenas, homoafetivos e trabalhadores com deficiência, para que tenham igualdade de condições de contratação, independentemente de idade e condições econômicas.

As mulheres apresentam melhor qualificação educacional que os homens nos bancos. O II Censo da Diversidade identificou que 82,5% têm curso superior completo, contra 76,9% dos homens. Mas além da diferença salarial, as bancárias também estão em menor número nos cargos de direção. De acordo com a Rais, Relação Anual de Informações Sociais, referente ao ano de 2013, elas representam, apenas, 8,4% da diretoria dos bancos.

Apesar da maior escolaridade, as mulheres ganham 22,1% a menos que os homens no sistema financeiro. E a remuneração dos trabalhadores negros também é menor, 12,7% mais baixa na comparação com os brancos.

No ritmo atual, as mulheres levarão 88 anos para ganhar o mesmo que os homens

Em relação aos salários, a diferença entre à remuneração média de mulheres e homens teve pequena redução no sistema financeiro, quando se compara os Censos de 2008 e 2014. No I Censo da Diversidade, as bancárias recebiam remunerações médias equivalentes a 76,4% das remunerações médias auferidas pelos homens nos bancos.

Em 2014, essa relação passou a ser equivalente a 77,9%, demonstrando avanço de 1,5 ponto percentual em seis anos. Se mantido o ritmo de aproximação de salários entre homens e mulheres nos bancos, a equiparação salarial entre os sexos levará 88 anos para se completar.

No caso das mulheres negras, que sofrem dupla discriminação, a diferença de remuneração em relação aos homens brancos é maior ainda, alcançando 31,8%. Infelizmente, o II Censo da Diversidade não revelou o número de mulheres pretas e pardas nos bancos em 2014.

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Fonte: FEBRABAN Censo da Diversidade (2008 e 2014).

PCS

Diante da falta de igualdade nos bancos, o Comando Nacional propôs debater um Plano de Cargos e Salários (PCS) para todos, para corrigir as distorções de mobilidade nas carreiras e um processo seletivo interno para promoções. Reivindicaram que os critérios passem a ser objetivos para que todos os funcionários tenham igualdade de oportunidades.

A Fenaban usou de levantamento próprio para negar discriminação, argumentando que das últimas promoções de cargos, executadas pelos bancos, 54% foram de homens e 46% de mulheres, muito próximo das porcentagens de distribuição de gênero no emprego bancário.

Os bancários também defenderam o reajuste anual de 1% (um por cento) para os funcionários a cada ano completo de serviço. Os bancos responderam que promoções por tempo de serviço não são mais utilizadas pelas corporações. O critério certo, segundo a Fenaban, é a avaliação das competências e a meritocracia.

“O reajuste anual é visto por nós como uma possibilidade objetiva de combater as desigualdades. Mas os bancos deixaram claro que tempo de casa é coisa do passado, demonstrando sua falta de comprometimento com a valorização dos funcionários que prestam bons serviços por anos a fio para a instituição” criticou Roberto von der Osten.

Pessoas com deficiência (PCD)

Os trabalhadores com deficiência representam, atualmente, apenas 3,6% da categoria bancária, comprovando que os bancos não estão respeitando a cota de 5%, prevista na Lei Federal 8.213, promulgada há 24 anos. O Comando reivindicou mais contratações e solicitou que as instituições parem de incluir os reabilitados que tinham sido afastados por motivo de saúde na cota de PCD, como tentativa de demonstrar que estão cumprindo a legislação.

“O espírito da lei é que as empresas procurem no mercado pessoas com deficiência para serem contratadas, uma responsabilidade social com a inclusão, que os bancos afirmam que têm, mas que continuamos identificando problemas”, explicou o presidente da Contraf-CUT.

Além de não apresentar nenhuma proposta para expandir estas contratações, os negociadores da Fenaban negaram o desrespeito à lei, ao dizer que podem efetuar tal manobra, sem esclarecer o número de trabalhadores reabilitados.

Assédio sexual

A Consulta Nacional dos Bancários 2015 identificou que o assédio sexual preocupa 12% dos bancários que responderam ao questionário. Para avançar no combate ao problema, os trabalhadores querem instalação de um grupo de trabalho para produzir uma campanha de prevenção, em conjunto com os bancos. Além de acompanhar o processo de apuração e solução dos casos.

“A Fenaban alegou que não quer causar pânico diante do tema. Mas a campanha que estamos propondo é de caráter pedagógico e de prevenção educacional. O assédio sexual deve ser uma preocupação de todos nós, representantes dos bancários e dos bancos”, explicou Fabiano Paulo Junior, secretário de Políticas Sociais da Contraf-CUT.

Ausências remuneradas

A pauta dos bancários também quer garantir aos pais o direito a um dia de ausência remunerada, a cada seis meses, para participar de reuniões escolares com os professores para cada filho, seja natural, adotado ou enteado, em idade escolar.

Identidade visual

O Comando Nacional cobrou respeito à expressão de personalidade e identidade visual dos empregados, defendendo que já passou da hora dos bancos deixarem de interferir no corte de cabelo, na barba e até nas roupas dos funcionários. As características físicas expressam o direito de personalidade de cada um, que tem sido negado há muito tempo, reclamaram os representantes dos trabalhadores.

A Fenaban se recursou a colocar esta cláusula na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e preferiu passar o bastão para cada banco, sem levar em conta a importância que o debate merece, ao tratar do combate à discriminação no ambiente de trabalho.

“Os nossos sindicatos e federações, com a nossa histórica unidade, tem conversado muito com os bancários e as bancárias nos locais de trabalho, estão mobilizados para a luta. Com isso, tenho certeza que vamos continuar o nosso ciclo de ganhos reais e vamos avançar em novas conquistas sociais. Juntos somos fortes”, declarou o presidente da Contraf-CUT.

Causas de adoecimentos

O Comando Nacional dos Bancários volta a negociar com a Fenaban na próxima terça-feira, dia 15, para concluir os debates sobre as causas de adoecimentos nos bancos, iniciados na rodada de negociação do dia 2 de setembro.

Remuneração

Na quarta-feira 16 os representantes dos bancários discutirão o tema remuneração com os bancos.

Veja aqui o calendário de negociações da Campanha Nacional dos Bancários 2015 e o que já foi discutido com os bancos.

Fonte: Fetec-CUT/CN