Na terceira rodada da negociação específica da Campanha Nacional dos Bancários 2015, realizada nesta sexta-feira 11 em Brasília, a Caixa Econômica Federal negou as reivindicações dos empregados sobre isonomia, fim do GDP e abono dos dias de paralisação em defesa da Caixa 100% Pública e contra o Projeto de Lei da terceirização e reversão dos reflexos na carreira. As alegações apresentadas pela empresa ao Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT e integrado pela Federação Centro Norte (Fetec-CUT/CN), foram as mesmas dos encontros anteriores: respaldo por dispositivo legal ou limitação de recursos.
“A Caixa está apostando na intransigência, no confronto, e pagando para ver a mobilização dos empregados. Não respeita a mesa de negociação nem as pessoas que trabalham na empresa. Se nada mudar, a postura da Caixa empurrará os empregados para uma greve que pode ser uma das mais duras e tensas dos últimos anos”, adverte Wandeir Severo, representante da Fetec-CUT/CN na Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), que assessora a Contraf/CUT e o Comando Nacional dos Bancários.
Os representantes dos trabalhadores exigiram da direção da Caixa mais diálogo e menos intransigência nas negociações com os trabalhadores.
“O comportamento da Caixa na mesa de negociação é preocupante. Em três reuniões, a empresa tem demonstrado muita intransigência. O que temos recebido são sucessivos ‘nãos’, gerando praticamente um impasse. Precisamos dar outro viés a nossas negociações e mais disposição para o diálogo”, apelou Genésio Cardoso, integrante da CEE/Caixa e diretor do Sindicato dos Bancários de Curitiba. “O banco ainda não apresentou nenhum avanço. A mobilização da categoria é fundamental para a ampliação dos nossos direitos e mais conquistas. No dia 18, também vamos reforçar as manifestações”, ressaltou Fabiana Uehara Proscholdt, representante da Contraf-CUT na Comissão.
O Comando Nacional dos Bancários orientou as federações e os sindicatos a realizarem manifestações e atividades lúdicas nos dias de negociações, com o objetivo de chamar a atenção da população sobre os temas da campanha e pressionar os bancos para que atendam às reivindicações dos trabalhadores.
Isonomia
No debate sobre isonomia, a Caixa recusou a extensão da licença-prêmio e do anuênio (ATS) para todos os admitidos a partir de 1998. Os interlocutores do banco alegaram que a proposta é inviável por conta do elevado custo. Os representantes dos empregados discordaram da argumentação da empresa, solicitaram o estudo que foi realizado em 2013 e lembraram que a não extensão desses benefícios gera uma divisão dentro da própria empresa. “São duas categorias de empregados. Fazem o mesmo trabalho e não tem os mesmos direitos”, alertou Genésio Cardoso.
Foram reivindicados ainda outros itens em relação aà isonomia: fim da discriminação dos empregados do REG/Replan não-saldado, manutenção das gratificações dos empregados envolvidos em processos de apuração sumária, até que seja dado direito à ampla defesa, e revisão da Estrutura Salarial Unificada e Plano de Cargos e Salários da carreira administrativa com valorização salarial, entre outros.
Organização do movimento
A Caixa não aceitou abonar os dias de paralisação realizados pelos trabalhadores em 27 de fevereiro, em defesa da Caixa 100% Pública, e nos dias 15 de abril e 29 de maio, contra o Projeto de Lei que escancara a terceirização, bem como a reversão dos reflexos na carreira. Para o Comando Nacional, a medida é uma forma de retaliar a mobilização dos trabalhadores. “As paralisações foram manifestações legítimas dos empregados para evitar a abertura de capital do banco e lutar contra um PL que ameaça os direitos da classe trabalhadora”, disse Genésio Cardoso. Os trabalhadores sugeriram um acordo para compensação das horas descontadas. A empresa ficou de analisar a reivindicação.
Ainda sobre esse tema, o banco recusou a liberação dos delegados sindicais e representantes de entidades sindicais e associativas para participarem de reuniões, cursos, seminários, congressos e plenárias, quando solicitado pelos sindicatos; estabilidade e irremobilidade para os delegados sindicais suplentes; e a manutenção da função para todos os integrantes da CIPA, delegados sindicais e dirigentes sindicais pelo mesmo tempo de estabilidade e da inamovibilidade.
Segundo a CEE/Caixa, as entidades têm dificuldades de conseguir as liberações dos dirigentes. A empresa alegou que o pleito é uma interferência na gestão e não pode ser acatado.
Carreira
Na negociação desta sexta-feira, teve início o debate sobre apenas um ponto da minuta específica relacionado à carreira: Gestão de Desempenho de Pessoas. Os trabalhadores reivindicam o fim do GDP. E a resposta da Caixa foi a mesma das reuniões anteriores: o programa será mantido e a empresa pretende ampliá-lo até 2016. “Somos contra o GDP e temos reforçado porque somos contra”, destacou Fabiana Uehara.
A representante da Contraf-CUT contestou também sistemas de classificação (ranking) no banco. Segundo ela, circulam informações de que a Caixa vai lançar um canal de acompanhamento individual de vendas, a ser utilizado nas avaliações do GDP. As representações dos trabalhadores são contra a individualização das metas, porque esta medida causa o acirramento da competição entre os empregados que, entre outros problemas, agrava o adoecimento da categoria. Essa prática fere o que está acordado no CCT.
Como não foi possível esgotar toda a pauta sobre carreira e nem debater as questões relativas ao Saúde Caixa, ficou definida uma nova negociação, agendada para sexta-feira da próxima semana, 18 de setembro, que será das 9 às 18h.
Esclarecimentos
Indagada sobre o intervalo de 15 minutos para mulheres, os interlocutores da Caixa informaram que o banco está cumprindo o que está previsto no artigo 384 da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Segundo a legislação, para fazer hora extra as trabalhadoras devem realizar esta pausa antes de iniciar a prorrogação do período de trabalho. A CEE/Caixa solicita que as federações e os sindicatos debatam esse tema em suas bases.
Fonte: Fetec-CUT/CN, com Agência Fenae