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Caixa mantém postura de “nãos” e descarta contratações

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Brasília – Exercício de paciência. Assim podem ser resumidas as quatro rodadas de negociações específicas da Campanha Nacional 2015 entre a Caixa Econômica Federal e a Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa). Na reunião desta sexta-feira (18), realizada em Brasília, a empresa manteve a postura de descaso e negativas a todas as reivindicações dos trabalhadores, com a argumentação de que o momento político e econômico não é favorável.

Contratações

A Caixa descartou qualquer possibilidade de contratação de novos empregados para suprir as necessidades de funcionamento. Os representantes dos trabalhadores reivindicam que as contratações cheguem ao quantitativo mínimo de 130 mil empregados. No entanto, a Caixa enfatizou que não há sinalização de possibilidade de novas contratações, alegando que o cenário atual do país não favorece essa possibilidade.

Os representantes dos trabalhadores consideraram lamentável a resposta dos interlocutores da Caixa e insistiram na necessidade de novas contratações, justificando que a falta de empregados interfere na dignidade dos trabalhadores, além de ser um desrespeito com os usuários e clientes. E argumentaram que é uma total falta de sensibilidade do banco, que só perde pessoal e não faz reposição. “A Caixa não vai crescer se retraindo. É preciso ter ousadia diante da conjuntura e não se encolher”, avalia Wander Severo, diretor do Sindicato e representante da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CUT/CN) na CEE/Caixa.

Antes do iniciar a negociação, os representantes do banco foram abordados pelos diretores do Sindicato dos Bancários de Brasília e aprovados no concurso de 2014 que ainda não foram convocados. No entanto, os interlocutores da Caixa se recusaram a atender a comitiva.

“É uma postura de desrespeito da Caixa. A contratação de mais empregados é uma questão não só para os trabalhadores que sofrem com a sobrecarga nas unidades, bem como para os milhares de aprovados que esperam ser chamados e a população como um todo, que merece um atendimento de qualidade”, destaca Genésio Cardoso, coordenador interino da CEE/Caixa.

Os representantes dos trabalhadores lembraram que a empresa está autorizada pelos órgãos controladores a ter um quadro de 103 mil trabalhadores, mas que atualmente conta com menos de 98 mil.

No início da negociação, a Comissão Executiva entregou camisetas da campanha “Mais empregados para a Caixa, Mais Caixa para o Brasil” aos negociadores da Caixa.

Jornada de trabalho

O fim do banco de horas e do Indicador de Horas Extras (IHE) foi negado pela Caixa, com as justificativas de que o banco de horas é um instrumento benéfico, que contempla situações de ausências necessárias, e o IHE contribui para reduzir horas extras. “Ou seja, a Caixa quer que tenhamos metas até de horas trabalhadas. Nega haver dotação para pagar as horas extras, mas quer que os empregados as façam sem receber por isso”, critica Wander Severo.

A Caixa não vai criar o Abono Pré-Natal para ser utilizado nos casos não cobertos pelo artigo 392 da CLT (que garante 6 consultas), conforme reivindicação dos trabalhadores. O argumento do banco é de que não há limites para consultas.

Saúde Caixa

A reivindicação sobre a utilização do resultado anual com o devido aporte da parte da Caixa (70%), para melhorias no plano, com base em parecer de assessoria técnica contratada foi descartada pelos negociadores da Caixa, com a alegação de que é complexo alterar a cláusula.

Sobre a contratação de assessoria especializada para acompanhar a gestão do Saúde Caixa nas Gipes e Gesap, a Caixa disse que o plano não comporta nenhum custo operacional dessa natureza. “Portanto, não há previsão para contratação nesse momento”, asseguraram.

A garantia do Saúde Caixa na aposentadoria para todos, inclusive os que saíram pelo PADV, em caráter de urgência, retornou à mesa de negociação nesta sexta (18). No entanto, o banco reafirmou a inviabilidade de estender o benefício.

Condições de funcionamento das agências

O banco se recusou a assegurar que a abertura de novas unidades não ocasione a diminuição do número de funcionários lotados nas unidades que já existem. Também negou o redimensionamento das Reret com, no mínimo, dois tesoureiros (dois turnos de 6 horas), um supervisor e um TBN por unidade.

A reivindicação de reposição de todos os aposentados também foi descartada pelo banco.

Carreira

A Caixa disse que não há nenhuma decisão com relação a valorização da TI, reivindicação antiga dos trabalhadores. “Chega-se ao limite do menosprezo. Se não mostrarmos a nossa força, a empresa não irá nos valorizar”, observa Wandeir Severo, que também é empregado da Caixa.

Os representantes dos trabalhadores reivindicaram mais transparências nos processos seletivos internos. Uma das propostas é a criação de um Comitê de Acompanhamento do Processo de Seleção Interna por Competência (PSIC) e do banco de habilitados e oportunidades e banco de sucessores, com participação dos empregados.

A Caixa recusou a reivindicação, alegando que já existem ferramentas que garantem o acompanhamento dos processos. Questionada sobre o PSIC para formação de banco de habilitados, suspenso em 31 de agosto por recomendação do Ministério Público do Trabalho após denúncias de irregularidade, o banco informou que ainda não há posicionamento sobre a realização de novas provas e que o assunto está sendo discutido internamente.

É hora de mobilização

Diante da intransigência da Caixa em todas as negociações realizadas até agora, a CEE/Caixa convoca a categoria a intensificar a mobilização em todo o país. “Só mostrando unidade e força é que vamos conseguirmos avançar nas nossas reivindicações. Nós, empregados, é que fazemos a Caixa ser o que é hoje, uma empresa essencial para o Brasil e para os brasileiros. Nada mais justo que sejamos valorizados e tenhamos melhores condições de trabalho”, frisa Genésio Cardoso.

“Mais uma vez ficou provada a importância da campanha unificada. Se negociássemos somente com a Caixa sem a mesa única, dificilmente conseguiríamos alguma conquista. É hora de juntar forças com os bancários dos demais bancos e mostrar aos banqueiros que merecemos respeito e valorização”, conclui Wandeir Severo.

Após quatro rodadas de negociações específicas sem que nada tenha sido apresentado, a CEE/Caixa pressionou, mais uma vez, a empresa a dar respostas para as pendências e apresentar propostas concretas. Em resposta, a Caixa disse que está avaliando e que deverá se manifestar nos próximos dias.

Confira aqui o calendário e como foram as negociações com os bancos até agora.

Mariluce Fernandes
Do Seeb Brasília