São Paulo – Nenhum direito a menos! É com esse mote conjunto que os trabalhadores de algumas das maiores categorias profissionais do país iniciam suas campanhas salariais no segundo semestre de 2016. Bancários, metalúrgicos, petroleiros, químicos estarão unidos e organizados em torno da defesa dos direitos trabalhistas e sociais.
A conjuntura exige tamanha mobilização. Em alguns setores, o patronato, aliado ao governo interino, ameaça com reajuste zero, demissões, retirada de conquistas histórias.
“Nosso recado é: não estamos sozinhos e diante das investidas contra direitos trabalhistas e sociais o que nos resta é nos unificarmos”, afirma a secretária-geral do Sindicato, Ivone Maria da Silva que no mês passado participou de uma reunião com representantes das categorias com data base no segundo semestre.
“Toda essa energia e mobilização tem de ser potencializada na defesa dos empregos e direitos”, reforça a dirigente. “A CUT vai promover um grande encontro da classe trabalhadora de todo o país para que, unidos e organizados, consigamos fazer frente a todas as investidas que colocam em risco direitos que foram fruto de muita luta.”
Além das questões colocadas normalmente nas campanhas, este ano os trabalhadores enfrentam ameaças como a terceirização ilimitada e mudanças na Previdência Social que preveem aposentadoria somente a partir dos 70 anos, passando ainda pelo fim da política de valorização do salário mínimo e redução de verbas para saúde e educação. “Absurdos que não vamos admitir”, critica Ivone.
Lucros sempre altos – No caso dos bancários, os principais bancos que atuam no Brasil continuam operando com altos lucros. Foram R$ 13,1 bi somente entre os cinco maiores: R$ 5,23 bilhões no Itaú; R$ 4,1 bi no Bradesco; R$ 1,66 bi para o Santander; R$ 1,28 bi no BB e R$ 838 milhões na Caixa. Apesar de terem resultados menores, se comparados com anos anteriores, já iniciam 2016 com números expressivos, principalmente se levada em conta a crise econômica e política que atravessa o país – o que fez com que os valores de provisionamento para devedores duvidosos (PDD) subissem na maior parte deles, causando grande impacto no lucro. Somente no Bradesco a receita de PDD cresceu 53,5%, no Itaú foram 38,3% e no BB, 27,2%.
“Esta campanha será uma das mais difíceis dos últimos tempos. Os bancos estão apostando na tecnologia para reduzir postos de trabalho e elevar em muito seus ganhos. Mas isso deixa de lado metade da população do país que ainda não tem acesso à internet”, lembra a secretária-geral do Sindicato. “Não somos avessos à tecnologia, claro. Mas ela tem de existir para melhorar a vida da população, não para causar mais desemprego e aumentar a riqueza de poucos. Mais do que nunca será a força da nossa mobilização, bancários e toda classe trabalhadora, que poderá alterar esse quadro de retrocessos”, convoca Ivone, lembrando a assembleia que no dia 12 elegerá os delegados para as conferências estadual e nacional. “Participe! Cada um de nós faz toda diferença na luta.”
Fonte: Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo