“A Caixa é muito lucrativa, sim. Mas o mais importante é o seu papel fundamental na execução de políticas públicas. Isso não pode mudar”, diz Jair Pedro Ferreira. Ele acrescenta: “um dos problemas citados por Occhi é o aumento da inadimplência nos empréstimos. Isso, porém, ocorreu em todos os bancos no período recente. Não se pode ignorar ainda o fato de que essa inadimplência na Caixa está abaixo dos patamares médios do mercado”.
Em 2015, o lucro líquido da Caixa foi de R$ 7,2 bilhões. No primeiro semestre deste ano, o valor foi de R$ 2,4 bilhões. “Um artigo publicado em um jornal este ano frisou, de forma absurda, que o Minha Casa, Minha Vida só resulta em prejuízos. É graças a esse projeto que milhões de brasileiros estão realizando o sonho da casa própria. A Caixa não pode ser um banco que prioriza o lucro. Essa foi a mesma tática da década de 90, quando fizeram de tudo para enfraquecer a empresa e privatiza-la”, lembra Cardoso, vice-presidente da Fenae.
Ainda de acordo com Jair Pedro Ferreira, é urgente que se valorize os empregados, os grandes responsáveis pela atuação da Caixa. “São eles que fazem, no dia a dia, os resultados positivos. Esse discurso falso de ‘dificuldades’ tem sido utilizado pela direção no sentido de justificar a não adoção de medidas que melhorem as condições de trabalho nas unidades. Um exemplo é a não contratação de novos empregados, embora muitos tenham se aposentado nos últimos dois anos por meio dos PAAs”, acrescenta.
FGTS na Caixa
Enquanto tenta-se vender a ideia de sérias dificuldades na Caixa, instituições privadas elevam a cobiça quanto à gestão do FGTS. Hoje, os mais de R$ 450 bilhões são geridos exclusivamente pela Caixa. “Não podemos esquecer que os bancos privados já foram responsáveis pelo Fundo, época em que houve sérios danos ao patrimônio dos trabalhadores. Além disso, levar esses recursos para instituições que visam apenas o lucro é abrir mão do papel social do FGTS, que financia programas habitacionais, de infraestrutura e de saneamento, por exemplo”, lembra Jair Pedro Ferreira.
É também do início da década de 1990 a criação do Conselho Curador do FGTS, órgão tripartite composto por representantes dos trabalhadores, dos empresários e do governo federal, a quem cabe “estabelecer as diretrizes e os programas de alocação de todos os recursos”. As novas regras tiveram o mérito de efetivar a participação direta dos trabalhadores na gestão e na formulação de políticas sociais implantadas com recursos do Fundo de Garantia.