A Federação dos Bancários do Centro Norte (Fetec-CUT/CN), reunida em Assembleia Geral Ordinária entre os dias 29 de novembro e 1º de dezembro, em Brasília, fez um amplo debate sobre a grave conjuntura nacional e aprovou um plano de ação priorizando a busca da unidade, não apenas da categoria bancária, mas de toda a classe trabalhadora e dos movimentos sociais para combater o ilegítimo governo de Temer e a ofensiva reacionária e neoliberal que está em marcha contra os direitos dos trabalhadores e os interesses nacionais, desencadeada pelo Executivo, pelo Legislativo, pelo Judiciário e pela grande mídia, a serviço do grande capital nacional e internacional, tendo à frente o sistema financeiro.
Durante a assembleia, participamos do ato convocado pela CUT, outras centrais sindicais e movimentos sociais e estudantis, que no dia 29 reuniu mais de 15 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios para protestar contra a aprovação da PEC 55, que congela por duas décadas os investimentos em políticas públicas e assegura o desvio da riqueza nacional para os bolsos dos banqueiros e rentistas que detêm os títulos da dívida pública. E condenamos veementemente a brutal violência da PM contra a manifestação, assim como a pusilânime posição da Força Sindical de responsabilizar os manifestantes pelas atrocidades da polícia.
Os debates sobre a conjuntura no seminário “Os Desafios da Classe Trabalhadora”, que abriu a assembleia e tiveram a participação de outras categorias e movimentos sociais e estudantil, foram enriquecidos com a contribuição de palestrantes convidados, entre eles Guilherme Boulos, coordenador do MTST; a líder secundarista paranaense Ana Júlia Ribeiro, o ex-deputado e ex-ministro Ricardo Berzoini; a diretora da CUT Graça Costa e o professor da FGV Daniel Pereira Andrade.
Discutimos as perdas que estão sendo impostas aos trabalhadores pelo avanço do neoliberalismo, trazendo fortes impactos até nas relações sociais, além de novos obstáculos para a atuação do movimento sindical. São riscos e perdas, embutidos em inúmeras iniciativas que tramitam no Executivo, no Parlamento e no Judiciário, que ainda não foram percebidos pela maioria dos trabalhadores e da população.
Constatamos a necessidade – e assumimos esse compromisso – de ampliar o diálogo com a categoria bancária, com a classe trabalhadora e com toda a sociedade para esclarecer e alertar sobre essas graves ameaças num esforço urgente para organizá-los e trazê-los às ruas e fortalecer nossa luta contra a PEC 55, privatizações, liberação total da terceirização, entrega do pré-sal etc..
São medidas que aprofundam o neoliberalismo, o que significa perda de direitos dos assalariados e mais privilégios para as elites dominantes, seja por meio dos ganhos do rentismo ou pela remuneração abusiva autoconcedida, acima do estipulado pela legislação, de uma casta encrustada nas instituições.
Temos que estar atentos para o novo modelo bancário que começa a ser tornar realidade, como a introdução das agências digitais e a ampliação dos mobile payment, que colocam em risco o emprego da categoria, como mostrou a economista do Dieese Vivian Machado, da subseção da Contraf-CUT.
A partir das apresentações dos economistas Regina Coeli Camargos (também do Dieese) e Murilo Barela, ex-diretor no Ministério do Planejamento, pudemos discutir em profundidade a importância dos bancos públicos para o desenvolvimento do país, como ficou claro durante a crise financeira de 2008, quando o Banco do Brasil, a Caixa e o BNDES atuaram decisivamente para ampliar o crédito e reduzir a taxa de juros. Aprovamos um calendário de ações para defender os bancos públicos das ameaças de desmonte do governo Temer, campanha para a qual precisamos envolver toda a sociedade brasileira.
Nossos desafios são imensos. Mas certamente saímos da assembleia mais preparados e fortalecidos para travar as lutas inadiáveis da classe trabalhadora em defesa de nossos direitos e conquistas. Assumimos o compromisso de voltar a nossas bases e intensificar o diálogo com os bancários para fortalecer a luta em defesa dos direitos da categoria e da classe trabalhadora, do emprego, dos bancos públicos e contra os ataques desse governo ilegítimo.
Até agora, de maneira geral, fizemos o enfrentamento com o governo federal de forma corporativa e fragmentada. Precisamos agir com determinação para ampliar a unidade e a ação coletiva da classe trabalhadora como um todo, apontando para a realização de uma greve geral em defesa dos nossos direitos e conquistas.
Fora Temer. Nenhum direito a menos. Nenhum privilégio a mais.
A Direção da Fetec-CUT/CN
Brasília, 1º de dezembro de 2016
Fonte: Fetec-CUT/CN