No Dia Internacional da Mulher, manifestações no Brasil serão contra reforma da Previdência

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Os movimentos sindicais, populares e de mulheres estão organizando a Jornada Internacional de Luta pelos Direitos das Mulheres, em 8 de março, para denunciar o aumento das discriminações de gênero, da misoginia, da homofobia e do racismo em todo o mundo. Cada país definiu os temas centrais de suas manifestações, de acordo com os problemas mais imediatos que as mulheres enfrentam. No Brasil, além das bandeiras históricas, a pauta principal será o combate à reforma da Previdência proposta pelo governo Temer, que atingirá mais drasticamente as mulheres.

A ideia da Jornada, que em alguns países está sendo convocada como Greve Internacional de Mulheres, nasceu em 21 de janeiro durante as grandes manifestações realizadas principalmente nos Estados Unidos e na Europa contra as políticas e declarações preconceituosas, xenófobas e racistas do presidente Donald Trump, empossado no dia anterior.

Um grupo de intelectuais e líderes feministas, entre elas Angela Davis e Nancy Fraser, divulgou documento propondo a “greve internacional militante em 8 de março”, tendo como pautas os problemas de 99% das mulheres, “cujas condições de vida só podem ser melhoradas através de políticas que defendam a reprodução social, a justiça reprodutiva segura e garanta direitos trabalhistas”.

“Junto com o golpe político-jurídico-midiático no Brasil, financiado pelo grande capital para retirar direitos dos trabalhadores, estamos enfrentando aqui e em todo o mundo uma onda conservadora que atinge principalmente as mulheres e as minorias”, afirma José Avelino, presidente da Federação dos Bancários do Centro Norte (Fetec-CUT/CN).

Mulheres são principais vítimas da reforma

No Brasil, além das bandeiras históricas, a pauta principal será o combate à reforma da Previdência proposta pelo governo Temer. Foto/marcosalmeidalocutor.wordpress.com
No Brasil, além das bandeiras históricas, a pauta principal será o combate à reforma da Previdência proposta pelo governo Temer. Foto/marcosalmeidalocutor.wordpress.com

Dezenas de movimentos populares e entidades sindicais, entre elas a CUT, divulgaram manifesto no dia 20 de fevereiro elegendo a reforma da Previdência como o alvo principal das manifestações de 8 de março.

“Na contramão do reconhecimento da sobrecarga de trabalho e responsabilidades historicamente imputadas às mulheres, foi apresentada pelo governo golpista de Michel Temer uma proposta de reforma da Previdência que propõe igualar a idade de homens e mulheres, trabalhadores e trabalhadoras rurais e urbanos para 65 anos, com 25 anos de contribuição. Dessa forma, as trabalhadoras rurais, por exemplo, que até agora se aposentavam com 55 anos, precisarão trabalhar pelo menos 10 anos a mais. Equiparar a idade de homens e mulheres para aposentadoria é desconsiderar a tripla jornada de trabalho das mulheres, que garantem a realização do trabalho doméstico e de cuidados, além da reprodução da força de trabalho”, denunciam as entidades no manifesto.

“Só com uma ampla mobilização impediremos esses retrocessos. Nosso caminho e alternativa é resistir e lutar juntas!!! Por isso, convocamos a todas as mulheres e organizações de mulheres a participar do processo de construção das ações do Dia Internacional de Luta das Mulheres, 8 de março: lutas em defesa dos nossos direitos contra a reforma da Previdência Social”, conclui o texto.

“Junto com essa questão da aposentadoria, da reforma da Previdência, a gente está pautando questões que são históricas do movimento feminista. A luta pelo direito das mulheres de terem uma vida sem violência, a luta pela descriminalização do aborto”, afirma Thaís Lapa, integrante da Marcha Mundial das Mulheres.

As mulheres conquistaram muitos direitos em um século de lutas, mas ainda enfrentam muitas discriminações no trabalho e na sociedade. Foto/marcosalmeidalocutor.wordpress.com
As mulheres conquistaram muitos direitos em um século de lutas, mas ainda enfrentam muitas discriminações no trabalho e na sociedade. Foto/marcosalmeidalocutor.wordpress.com

“Vamos às ruas em forma de protesto, primeiro contra as condições de trabalho, que são péssimas para as mulheres: a nossa dupla jornada, a falta de políticas necessárias para que a gente possa competir em igualdade no mercado de trabalho, os baixos salários – a questão da equidade de remuneração entre homens e mulheres, que não existe em nenhum lugar do mundo”, explica a secretária nacional da Mulher Trabalhadora da CUT, Juneia Batista.

Para a secretária da Mulher da Fetec-CUT/CN, Maria Aparecida Sousa, as mulheres conquistaram muitos direitos em um século de lutas, mas ainda enfrentam muitas discriminações no trabalho e na sociedade. “O II Censo da Diversidade realizada em 2014 pelos bancários em parceria com a Fenaban, por exemplo, mostra que no sistema financeiro nacional as mulheres ganham em média 77% dos salários dos homens e enfrentam muitos obstáculos na ascensão profissional, embora sejam a metade da categoria”, diz Maria Aparecida.

Fonte: Fetec-CUT/CN