Às vésperas das eleições, CA deve votar hoje mudança no Estatuto que permite que diretorias da área de controle do banco sejam ocupadas por não concursados
Segundo divulgado pela Coluna do Estadão, o Conselho de Administração (CA) da Caixa Econômica Federal deve votar nesta quinta-feira (13) alteração do Estatuto para permitir que diretorias da área de controle (Jurídica, Auditoria e Corregedoria) sejam ocupadas por servidores efetivos federais de setores afins. Há quase 30 anos, esses cargos podem ser preenchidos apenas por empregados concursados do banco.
Para o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, trata-se de mais uma medida de Ana Paula Vescovi, que preside o CA, para aparelhar a Caixa. “Assim tem sido a condução dela à frente do Conselho, seguindo a cartilha do atual governo. Com exceção da nossa representante no CA, Rita Serrano, eleita pelos trabalhadores, os demais membros são indicados pelo Planalto e atuam para diminuir a Caixa e entregar as operações para o sistema financeiro privado”, diz.
A proposta que acaba com a exclusividade dos empregados assumirem diretorias da Caixa já havia sido feita por ocasião do debate do novo Estatuto, em outubro de 2017, mas foi retirada do texto devido à grande resistência de entidades e bancários. Em maio deste ano, a imprensa ventilou o retorno da proposta, o que foi alvo de ações populares que conselheiros respondem até hoje. Já em agosto, o Conselho de Administração anunciou que os próximos vice-presidentes serão escolhidos em processo seletivo externo, conduzido por consultoria privada.
“Essas são medidas que, a pretexto de reforçar a eficiência e fazer uma melhor gestão, miram na privatização como objetivo final, destroem a carreira dos trabalhadores e abrem espaço para indicações político-partidárias. Melhorias na governança são bem-vindas. Isso, porém, não pode ser feito à custa do enfraquecimento da empresa e da desvalorização dos empregados. Os bancários da Caixa têm qualificação acima da média do mercado, o que reforça que as mudanças não se justificam”, acrescenta Jair Ferreira.
O presidente da Fenae acrescenta: “Essa narrativa privatista é a mesma que foi adotada na década de 1990 e, com muita luta, foi derrotada. O mesmo que fizemos quando surgiu a proposta para transformar a Caixa em uma Sociedade Anônima. Mais uma vez, temos que combater qualquer plano que signifique retrocesso na atuação da Caixa e a privatização da gestão. E uma das formas é, antes de decidir o voto nas eleições deste ano, avaliar o que pensam os candidatos sobre a importância das empresas e dos serviços públicos”.