A greve nacional dos bancários se manteve forte nesta sexta-feira (27) em seu nono dia, paralisando 10.633 agências e centros administrativos de bancos públicos e privados nos 26 estados e no Distrito Federal, segundo levantamento da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), demonstrando a disposição da categoria de enfrentar o silêncio da Fenaban, que se recusa a apresentar proposta com aumento real de salário, valorização do piso, melhoria da PLR, mais contratações, fim da rotatividade e das terceirizações, melhores condições de trabalho com fim das metas abusivas, mais segurança e igualdade de oportunidades.
Em carta enviada nesta sexta-feira ao presidente da Fenaban, Murilo Portugal, o Comando Nacional dos Bancários “reafirmou a rejeição do reajuste de 6,1%, apresentado no dia 5 de setembro, e a disposição para negociar uma proposta que atenda às reivindicações econômicas e sociais dos bancários”.
A remessa do documento foi definida pelo Comando Nacional, reunido na quinta-feira 26, após avaliação da primeira semana da greve da categoria. Foi decidido ampliar e fortalecer a greve nacional e reafirmado que a greve é de responsabilidade dos presidentes da Fenaban (Murilo Portugal), do Itaú (Roberto Setúbal), do Bradesco (Luiz Carlos Trabuco), do Banco do Brasil (Aldemir Bendine), da Caixa Econômica Federal (Jorge Hereda), do Santander (Jesús Zabalza) e do HSBC (André Brandão) por fecharem o processo de negociação ao ignorarem a pauta de reivindicações dos trabalhadores.
“As últimas declarações da Fenaban de que os bancários não precisam de aumento real e precisam apenas manter os seus direitos (que já tem) em um momento em que os bancos estão tendo recorde de lucros provocou ainda mais a indignação dos bancários e nos coloca diante de uma única alternativa: ampliar ainda mais a greve, intensificando as paralisações inclusive em áreas estratégicas dos bancos”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários.
Milhões para executivos e sem aumento real para os bancários
Recursos não faltam aos bancos para conceder aumento real aos bancários. No Itaú, por exemplo, os executivos da diretoria receberam em 2012, em média, R$ 9,05 milhões por ano, o que representa 191,8 vezes o que ganha o bancário do piso. No Santander, os diretores embolsaram R$ 5,62 milhões no ano passado, o que significa 119,2 vezes o salário do caixa. E no Bradesco, que pagou R$ 5 milhões no ano a seus executivos, a diferença é de 106 vezes.
Ou seja, para ganhar a remuneração mensal de um executivo, o caixa do Itaú tem que trabalhar 16 anos, o do Santander 10 anos e o do Bradesco 9 anos.
As principais reivindicações dos bancários
> Reajuste salarial de 11,93% (5% de aumento real além da inflação)
> PLR: três salários mais R$ 5.553,15.
> Piso: R$ 2.860,21 (salário mínimo do Dieese).
> Auxílios alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 678 ao mês para cada (salário mínimo nacional).
> Melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoece os bancários.
> Emprego: fim das demissões, mais contratações, aumento da inclusão bancária, combate às terceirizações, especialmente ao PL 4330 que precariza as condições de trabalho, além da aplicação da Convenção 158 da OIT, que proíbe as dispensas imotivadas.
> Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.
> Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós-graduação.
> Prevenção contra assaltos e sequestros, com o fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários.
> Igualdade de oportunidades para bancários e bancárias, com a contratação de pelo menos 20% de negros e negras.