O Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT e assessorado pelo Coletivo Nacional de Saúde do Trabalhador, realiza com a Fenaban nesta quinta-feira 7, em São Paulo, a primeira reunião do grupo de trabalho bipartite que investigará as causas do adoecimento da categoria – conquista da mobilização dos trabalhadores na Campanha 2013.
Para preparar o encontro, o Comando Nacional reuniu-se com o Coletivo de Saúde nesta quarta-feira 6, na sede da Contraf-CUT.
“A instalação do grupo de trabalho é uma conquista importantíssima, fruto da ousadia e da mobilização dos bancários. Queremos identificar as raízes do problema para acabar com a verdadeira epidemia de adoecimentos que atinge os trabalhadores do sistema financeiro nacional”, afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.
Expectativa dos bancários
Segundo Walcir Previtale, secretário de Saúde do Trabalhor da Contraf-CUT, um dos objetivos do grupo é elaborar um diagnóstico real da saúde dos bancários afastados e, no que depender das entidades sindicais, será realizado um trabalho profundo, mas para isso é preciso que os bancos forneçam as informações necessárias.
“Em 2012, 21.144 bancários foram oficialmente afastados de suas funções pelo INSS com problemas de saúde, mas sabemos que esse número pode chegar a 60 mil, pois observamos que é enorme a quantidade de pedidos indeferidos”, declara Walcir, que critica a organização do trabalho dentro dos bancos, que leva ao adoecimento dos bancários.
Dos 21.144 bancários afastados por adoecimento, 25,7% foram por estresse, depressão, síndrome de pânico e transtornos mentais relacionados diretamente ao trabalho. Outros 27% se afastaram em razão de lesões por esforços repetitivos (LER/Dort). Somente nos primeiros três meses deste ano, 4.387 bancários já haviam sido afastados por adoecimento, sendo 25,8% por transtornos mentais e 25,4% por LER/Dort.
A consulta nacional realizada entre maio e julho deste ano pela Contraf-CUT, federações e sindicatos mostra que 18% dos bancários que responderam declararam ter se afastado do trabalho por motivos de doença nos 12 meses anteriores e 19% disseram usar medicação controlada. Em relação aos problemas de saúde, 66,4% responderam na mesma consulta que as metas abusivas são o mais grave problema enfrentado pela categoria. O levantamento apontou que outros 58,2% reivindicam o combate ao assédio moral, enquanto 27,4% assinalaram a falta de segurança contra assaltos e sequestros.
Metas abusivas, assédio moral, sensação de insegurança e individualização das funções são fatores evidentes de tensão que afetam o dia a dia e a saúde dos bancários. “É preciso que haja um olhar mais coletivo do processo de trabalho e que os trabalhadores participem nas definições das metas”, enfatiza Walcir.