Apesar do lucro líquido de R$ 12,7 bilhões nos nove primeiros meses de 2013, crescimento de 54,6% em relação ao mesmo período de 2012 e rentabilidade de 25,6%, o Banco do Brasil eliminou 1.529 postos de trabalho no mesmo período. Em um ano, o corte foi ainda maior e alcançou 1.827 empregos, seguindo a política dos bancos privados e na contramão da economia brasileira que abriu 1,323 milhão de vagas entre janeiro e setembro deste ano.
Com isso, o quadro do BB ficou em 112.653 funcionários em setembro de 2013 contra 114.480 em setembro de 2012, conforme análise do Dieese sobre os números do balanço do BB, divulgado nesta terça-feira (12).
“O corte de postos de trabalho é um contrassenso diante dos bons resultados do banco. Na Campanha Nacional 2013 conseguimos a garantia de que o banco vai contratar 3 mil funcionários até agosto de 2014, mas a redução verificada neste último balanço é prova do caos estabelecido nos locais de trabalho e da necessidade urgente dessas contratações”, afirma William Mendes, secretário de Formação da Contraf-CUT e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB.
“O que estamos vendo é o BB agir na mesma lógica perversa dos bancos privados de redução de pessoal e aumento da terceirização fraudulenta, como vimos recentemente na DIRAO e na DINOP”, completa o dirigente sindical. “Essa não deve ser a missão de banco público voltado para o desenvolvimento econômico e social do país”, ressalta.
Inadimplência cai, mas aumenta PDD
Outro dado destacado pelo Dieese é que, apesar da queda da inadimplência, o banco aumentou a provisão para créditos duvidosos, o que terá impacto no cálculo da PLR dos funcionários no segundo semestre.
O índice de inadimplência da carteira de crédito, para atrasos superiores a 90 dias, permanece abaixo do verificado no sistema financeiro: 1,97% (ou 1,78%, excluindo-se as operações do BV) em setembro de 2013, frente a 2,19% de setembro de 2012 (-0,22 ponto percentual).
Já as despesas com o provisionamento com devedores duvidosos (PDD) somaram R$ 11,4 bilhões em setembro de 2013, com crescimento de 8,1% em doze meses, justificado pelo expressivo crescimento da carteira de crédito.
“O banco está inflando a provisão para devedores de forma artificial como vem ocorrendo com os bancos no sistema financeiro. No caso do BB é completamente injustificável porque, mesmo tendo ampliado a carteira de crédito, o que é bom, a inadimplência do BB, que já é a menor do sistema, caiu 11% em relação ao mesmo período de 2012. Ainda se considerarmos o mau negócio feito no Votorantim, a inadimplência sem os prejuízos desta operação é menor ainda”, salienta William.
Receitas de tarifas: 127% das despesas de pessoal
Com crescimento de 9,9% nas receitas de prestação de serviços e rendas de tarifas bancárias, estas passaram de R$ 15,6 bilhões, no 3º trimestre de 2012 para R$ 17,1 bilhões, no 3º trimestre de 2013.
As despesas de pessoal, por sua vez, tiveram crescimento de 11,1%, passando de R$ 12,1 bilhões para R$ 13,4 bilhões, no período. Esses resultados impactaram na relação entre essas despesas e as receitas de prestação de serviços e renda de tarifas, que caiu de 128,8% para 127,5%. Apesar disso, o banco, além de pagar todas as despesas de pessoal apenas com receitas de serviços e tarifas, ainda tem um excedente de 27,5% do total das despesas de pessoal.
Expansão de negócios e ampliação do crédito
Conforme o Dieese, o resultado do BB foi impulsionado pela expansão dos negócios, contenção das despesas e, ainda, pelo impacto da alienação de ações da BB Seguridade no 2º trimestre. O lucro líquido ajustado, ou seja, sem itens extraordinários, ficou em R$ 7,9 bilhões, representando uma queda de 5,0% em comparação a setembro de 2012 (R$ 8,3 bilhões). Com base no lucro ajustado, a rentabilidade foi de 15,8%.
Os ativos do BB ultrapassaram R$ 1,25 trilhão, com crescimento de 14,0% em 12 meses. A carteira de crédito ampliada atingiu a cifra de R$ 652,3 bilhões, com crescimento de 22,5% em relação ao mesmo período de 2012. O destaque foi a expansão das carteiras de crédito “Pessoa Jurídica” (23,4%) e “Agronegócios” (32,5%).
O BB permanece na liderança ao financiamento da agricultura no país, atingindo 65,2% das operações de crédito para esse setor, conforme os dados do Sistema Nacional de Crédito Rural. Os destaques, nos últimos 12 meses, foram o crescimento das operações do Pronaf, com R$ 27,1 bilhões (21,3%), do Pronamp , com R$ 15,0 bilhões (55,4%) e do Programa ABC, com R$ 4,3 bilhões (145,1%).
A taxa de inadimplência da carteira de crédito para atrasos superiores a 90 dias, de 1,97%, permanece abaixo da média do Sistema Financeiro (3,3%). Se forem excluídas as operações do Banco Votorantim de financiamento à compra de veículos, que têm alta inadimplência, a taxa cai para 1,78%. Em setembro de 2012 a taxa de inadimplência foi de 2,19%, 0,22 ponto percentual acima da taxa registrada em setembro de 2013.