Conquista prevista na cláusula 61ª da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), foi instalado na quinta-feira 7 grupo de trabalho bipartite, formado por representantes de bancários e da federação dos bancos (Fenaban), para discutir as causas do alto índice de adoecimento da categoria.
Para além do GT, o Sindicato lança o Programa de Prevenção e Política de Saúde do Trabalhador, iniciativa focada em três eixos de atuação, sendo o primeiro deles a realização de uma ampla pesquisa sobre saúde cujo objetivo principal é fazer um levantamento sobre os riscos psicossociais relacionados ao trabalho bancário.
De acordo com levantamento do INSS, 21.144 bancários foram afastados em 2012 por doenças relacionas ao trabalho, sendo a maioria deles (27%) por lesões por esforço repetitivo (LER/Dort), seguido de estresse, depressão, síndrome do pânico e transtornos mentais (25,7%). Em 2013, apenas de janeiro a março, 4.387 bancários já haviam sido afastados por adoecimento, sendo 25,8% por transtornos mentais e 25,4% por LER/Dort.
“Esses riscos estão vinculados à organização prescrita do trabalho e ao estilo de gestão. São duas variáveis que impactam negativamente no sofrimento patogênico, que é outra dimensão dessa pesquisa, com danos físicos, psicológicos e sociais para os trabalhadores. Trata-se de um instrumento, a pesquisa, que permite estabelecer o nexo causal entre o modelo de gestão e os danos que impactam diretamente os trabalhadores”, explica a coordenadora do programa, Ana Magnólia Mendes, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB).
A pesquisa será distribuída em todos os locais de trabalho e estará disponível também no site do Sindicato, porém, neste caso, por questões de segurança, apenas para bancários sindicalizados. Na versão online, o Sindicato orienta que os bancários a respondam via computador pessoal, de modo a evitar monitoramento por parte do banco. As informações serão mantidas no mais absoluto sigilo.
O questionário abrange situações que envolvem todo o ambiente laboral, da relação interpessoal com a chefia até motivos pelos quais se deram os afastamentos e a sua duração, passando pela questão das metas abusivas e do assédio moral.
“O foco é que possamos, a partir da análise dos dados, alterar a realidade de sofrimento do trabalhador, desvendando a causa e apontando possíveis soluções para os problemas enfrentados pelos trabalhadores após a reestruturação produtiva por que passaram as instituições financeiras na década de 1990”, destaca o secretário de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato, Wadson Boaventura.
Programa
O presidente do Sindicato, Eduardo Araújo, explica que “o programa, de que faz parte a pesquisa, tem também como meta instrumentalizar os dirigentes sindicais para identificar e mapear os indicadores epidemiológicos sobre o adoecimento da categoria, além de subsidiar a elaboração de políticas de prevenção de saúde e a formulação de propostas para a negociação coletiva”.
O programa é uma parceria do Sindicato com o Grupo de Estudos e Pesquisa em Saúde do trabalhador (Gepsat), sob a coordenação do Laboratório de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho da Universidade de Brasília.