A quarta rodada de negociação, realizada nesta quarta-feira 24 em Brasília entre a direção do Banco do Brasil e o Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT e assessorado pela Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, pouco avançou nas propostas econômicas e sociais. O banco apresentou o índice de reajuste de 7,0%, o mesmo oferecido pela Fenaban, que significa 0,61% de aumento real.
O Comando Nacional avalia que o Banco do Brasil pode avançar mais na pauta de reivindicações dos bancários e alerta a categoria que o momento agora é de total mobilização para pressionar os patrões. Assembleias para indicativo de greve a partir do dia 30 estão marcadas pelos sindicatos em todo o país.
O BB apresentou algumas ações de combate ao assédio sexual com três treinamentos. O primeiro será um curso para gestores que estão na função e funcionários que concorrerão à vaga de gestores para mediação de conflitos. O segundo será um curso sobre assédio moral e sexual, e o último, sobre gestão organizacional. Os treinamentos serão considerados para pontuação no programa de talentos e oportunidades do BB (TAO).
O banco também propôs o pagamento em dinheiro do vale-transporte nos mesmos moldes existentes para os funcionários que desejarem. Outra proposta do BB é o bloqueio de todos os sistemas e aplicativos para o funcionário que esteja fora do ponto eletrônico.
Durante a negociação, o BB se comprometeu com a autorização da hora extra até dezembro de 2014 para os funcionários que aderiram à jornada de 6 horas.
Funcionalismo pressiona BB
Os representantes dos trabalhadores frisaram que há várias questões importantes que precisam ser avaliadas pelo banco, tais como a forma de cobrança de metas abusivas e metas incluídas no programa de Gestão de Desenvolvimento de Competências (GDP).
“Não estamos discutindo o fim das metas, mas a quantidade exigida e modo de pressão que é praticado pelos bancos, que tem comprovadamente adoecido a categoria”, avalia Wagner Nascimento, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB.
O dirigente também denunciou o ranqueamento velado praticado pelo banco com mapeamentos onde constam nomes de carteira, nome da agência, bem como grupos nos whatsap de cobranças de metas e assédio aos bancários.
O banco tampouco nada sinalizou em relação a mudanças nos atuais moldes de substituição e incorporação de função.
“As propostas apresentadas pelo banco são apenas uma pequena parte das nossas reivindicações debatidas nas mesas de negociação. A empresa nada propôs em relação a mais contratações, revisão do plano de funções, substituições de licenciados, valorização da gerência média e pautas específicas do PSO e das CABB e revisão da Gedip”, criticou Wagner. Para ele, há vários itens que o BB pode avançar e que não trazem impactos financeiros para o banco, como uma regulação da forma de cobrança das metas diárias que tem sido objeto de assédio e adoecimento.
“Outro vazio na proposta do banco são as questões envolvendo plano de saúde e previdência de todos os funcionários, inclusive os egressos dos bancos incorporados pelo Banco do Brasil.
Com a proposta apresentada pelos bancos de 7% na mesa da Fenaban, complementada por essa proposta específica do BB, a orientação é de lotar as nossas assembleias, rejeitar a proposta e irmos à greve a partir do dia 30”, convoca o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB.
As reivindicações não atendidas pelo BB são as seguintes:
Plano de Carreira e Remuneração (PCR)
O funcionalismo reivindica a mudança do interstício para 6%, a inclusão dos escriturários na carreira de mérito, a mudança da pontuação diária de cada grupo e a retroatividade do mérito dos caixas a 1998.
Volta da substituição
O Comando insiste na volta das substituições. Desde 2007, quando foram suspensas, têm causado enorme prejuízo aos funcionários e ao banco, devido a não formação de novos comissionados com experiência e treinamento necessários para o exercício do cargo.
Previdência complementar
Os bancários querem a inclusão dos funcionários oriundos de bancos incorporados nos planos administrados pela Previ, a criação de um novo benefício com base na PLR para os Planos 1 e Previ Futuro e também o resgate da parte patronal no plano Previ Futuro e a diminuição das taxas de carregamento.
Plano de Funções
Desde que o banco implantou unilateralmente o novo plano de funções, várias distorções foram criadas com prejuízo aos bancários de funções técnicas e gerenciais.
Os bancários reivindicam a criação de um plano negociado com os funcionários, com aumento dos Valores de Referência (VR) e das gratificações de função, evitando as verbas de complemento, que subtraem as promoções por mérito e antiguidade. Também querem a criação de módulos básicos e avançados em todos os cargos gerenciais, inclusive no de Supervisor de Atendimento.
Ainda sobre o plano de funções, foi debatida a criação da comissão de pregoeiro para os funcionários que trabalham nas áreas de licitação e a função de analista técnico social para os responsáveis por programas sociais, como financiamento imobiliário do Minha Casa Minha Vida.
Incorporação da comissão
Assim como já acontece em outras empresas, os bancários reivindicam que no BB haja a incorporação de 100% do Valor de Referência ,ao passo de 10% do VR ao ano em cada cargo exercido.
Gerência média
As principais reivindicações desse segmento são a melhoria dos VR, a equiparação dos gerentes de relacionamento do carteirão com os demais gerentes de atendimento personalizado e equiparação de gerentes de grupo e de setor.
Reestruturações
Devido ao grande número de reestruturações em andamento dentro do banco, muitas vezes os funcionários envolvidos perdem os cargos ou parte dos salários devido à mudança de locais de trabalho. Os bancários reivindicam a criação de uma proteção aos salários nesses casos. O Comando propôs a criação de uma mesa temática exclusiva para tratar de reestruturações, com o objetivo de convencionar patamares mínimos de proteção aos bancários.
CABB
Os bancários cobram do banco a apresentação de propostas para os funcionários da CABB, cuja mesa temática foi realizada no meio do ano e ainda há muitas pendências a serem resolvidas.
Folgas da Justiça Eleitoral
Os funcionários também questionaram o BB sobre a edição de uma Instrução Normativa que trata das folgas da Justiça Eleitoral. Os bancários têm reclamado que está havendo muitos conflitos com o que determinam os tribunais eleitorais e os gestores do BB.
Demais reivindicações
Os bancários também reivindicam a redução das taxas de empréstimos e de financiamentos aos funcionários, a retirada de metas de avaliação da GDP e a extensão do vale-cultura para todos os funcionários.
Fonte: Contraf-CUT, com Seeb Brasília