O Sindicato dos Bancários de Brasília realizou nesta terça-feira (31) uma plenária para discutir o artigo 384 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), que prevê o intervalo de 15 minutos para as mulheres antes do início da jornada extraordinária e sua aplicabilidade.
A diretoria do Banco do Brasil, composta somente por homens, instituiu medida administrativa no início do ano descontando 15 minutos da remuneração das mulheres todas as vezes que elas realizam horas extraordinárias.
O diretor do Sindicato Rafael Zanon abriu a plenária relatando “que o Banco do Brasil transformou um direito em castigo, numa demonstração inequívoca de desrespeito às trabalhadoras”. E observou que as bancárias estão sendo lesadas e que o Sindicato luta contra essa violência praticada pela empresa.
Contrário à medida tomada pelo BB, o Sindicato já reivindicou em mesa de negociações que os 15 minutos de intervalo previstos na legislação estejam dentro da jornada extraordinária das bancárias.
BB joga bancárias contra o Sindicato
Bancários presentes à plenária observaram que a empresa está, mais uma vez, tentando jogar as bancárias contra o Sindicato. “As bancárias têm que buscar informações e esclarecimentos sobre o tema e tomarem cuidado com as informações veiculadas pela empresa, que tem o objetivo de dividir o corpo funcional e culpar o movimento sindical organizado por essa atitude equivocada tomada pelo BB”, lembra Teresa Cristina, diretora do Sindicato.
Os bancários e bancárias presentes à plenária relataram que, em vez de proporcionar o usufruto do descanso previsto em lei, a medida tomada pela empresa está gerando mais passivo trabalhista, além de grande desconforto e até situações de brincadeiras e chacotas por parte de outros funcionários para com as trabalhadoras.
“O Banco do Brasil desrespeitou demais as mulheres trabalhadoras e está alimentando a raiva e o sentimento de injustiça entre as funcionárias. Estamos indignadas, prestes a explodir”, relatou uma bancária, que preferiu não permitir a identificação, com medo de retaliação por parte da empresa.
Cadê a equidade de gênero?
Para contribuir no debate e nos encaminhamentos, estiveram presentes à plenária a presidente da Associação de Advogados Trabalhistas do DF, Alessandra Camarano Martins; a professora da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (UnB), Rita de Cássia AKutsu; e a coordenadora-geral de Autonomia Econômica das Mulheres da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) da Presidência da República, Simone Schaffer.
A mulher no contexto socioeconômico e cultural, a questão da mulher no mercado de trabalho e as diferenças entre homens e mulheres foram os temas abordados pelas palestrantes. Elas falaram sobre os avanços da mulher; a jornada tripla, como profissional, dona de casa e mãe; seu papel na sociedade; inserção no mercado de trabalho; preconceitos; discriminações; e avanços.
Os bancários contestaram as ações da empresa em relação ao programa de pró-equidade de gênero e pediram à representante da Secretaria de Política para as Mulheres um olhar mais atento às práticas discriminatórias contra as mulheres observadas no Banco do Brasil. Foi ressaltado que nenhuma mulher ocupa cargo diretivo na empresa, exemplo que por si só já deveria desqualificar o BB em relação à equidade de gênero nas relações de trabalho.
A representante do governo registrou os relatos e se comprometeu a averiguar a situação.
A presidente da Associação de Advogados Trabalhistas do DF, Alessandra Camarano Martins, considerou absurdas as medidas tomadas pelo BB e constatou que a legislação referente aos 15 minutos de descanso para as mulheres continua sendo desrespeitada pela instituição. A partir dos relatos das bancárias presentes, Alessandra considerou que o passivo trabalhista da empresa está aumentando em relação aos 15 minutos de descanso para as mulheres.
A mesa foi unânime em considerar o tema de grande relevância e se colocaram à disposição para continuarem participando dos debates relativos a esse tema.
Mesa de negociações com o BB
Durante a última rodada de negociações entre a Contraf-CUT e o BB, o tema foi abordado e os representantes da empresa se comprometeram a realizar uma negociação específica, ainda sem data marcada. Os depoimentos e opiniões registrados na plenária serão usados como subsídios nesse debate.
Canal de comunicação
Para continuar na luta contra esse abuso, o Sindicato disponibiliza o email 15minutos@bancariosdf.com.br como um canal para recebimento de denúncias, além de relatos e da opinião das bancárias e bancários sobre o tema.
Fonte: Seeb Brasília