A Contraf-CUT, federações e sindicatos se reunirão na próxima terça-feira (30), em Brasília, com o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, e com a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), para discutir o processo de venda do HSBC. A reunião, solicitada pela senadora, reforça a intensa agenda que o movimento sindical tem mantido para defender os empregos no banco inglês.
Para o diretor da Contraf-CUT e membro da COE- Comissão de Organização dos Empregados do HSBC, Sérgio Siqueira, o encontro será importante para expor ao ministro os prejuízos que um processo de demissão poderá trazer para os trabalhadores e também para a economia brasileira, de forma geral. Só no Brasil, o banco tem 21 mil trabalhadores, fora os empregos indiretos. Se levar em conta esse contigente, chega a ultrapassar 50 mil.
“Não vamos desistir. A nossa luta pela garantia do emprego é permanente. Já vivemos uma situação parecida quando o Bamerindus foi comprado pelo HSBC. Nós nos adiantamos, conversamos com todas as autoridades envolvidas e isso contribuiu para que o processo não significasse demissão em massa dos bancários. Estamos fazendo o mesmo agora”, diz Siqueira.
Além dos representantes dos trabalhadores, a vice-prefeita de Curitiba, Mirian Golçalves (PT), também estará na reunião com Manoel Dias. O Sindicato dos Bancários de Curitiba encaminhou ofício ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) do Banco Central requisitando acesso integral a todos os documentos e informações relacionadas ao encerramento das operações brasileiras pelo HSBC. A entidade também solicitou ser prontamente notificada quando for iniciado o processo administrativo sobre transferência, incorporação ou encerramento de atividades, já que representa os interesses da categoria bancária.
Encontro com parlamentares
Nesta quarta-feira (24), o ministro do Trabalho recebeu deputados federais da bancada do Paraná para debater a venda do banco. Os parlamentares João Arruda (PMDB/PR), Toninho Wandscheer (PT/PR) e Enio Verri (PT/PR) solicitaram a audiência para ratificar a preocupação existente no estado e definir propostas.
O ministro informou que entrou em contato com o presidente do banco no Brasil, André Guilherme Brandão, para avaliar o tema. “Toda negociação deste tipo passa pelo governo, pelo Cade, pelo Banco Central. Marcamos uma reunião com a instituição financeira, deputados e centrais sindicais para estruturar medidas necessárias que garantam a manutenção dos empregos nessa possível transição”, pontuou Manoel Dias.
Além do encontro marcado com o ministro do Trabalho, os dirigentes sindicais também estão tentando se reunir com os ministros da Fazenda, Joaquim Levy e da Casa Civil, Aloízio Mercadante.
Luta dos trabalhadores
Mesmo antes do anúncio oficial do HSBC sobre a venda das operações brasileiras, em maio deste ano, a Contraf-CUT, suas federações e sindicatos já vinham buscando informações e apoio de autoridades, dentro e fora do País, para garantir a manutenção dos empregos e direitos dos funcionários do banco.
“Neste momento, acreditamos que valeu à pena termos nos antecipado nas mobilizações e na defesa dos empregos dos trabalhadores do HSBC, pois conseguimos envolver os mais diversos seguimentos da sociedade nesta causa. Com toda a mobilização, acreditamos em um desfecho positivo e o menos traumático possível para os trabalhadores”, avalia o presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba, Elias Jordão.
Saiba quais foram as atividades e mobilizações recentes envolvendo o HSBC:
24 de Fevereiro/15 – O presidente mundial do banco, Stuart Gulliver, divulga que banco avalia sair do Brasil. Mas diz ser especulação quando mídias anunciam a venda do banco.
28 de abril/15 – COE HSBC aprova ida à Brasília em busca de apoio em defesa do emprego;
05, 06 e 07 de maio/15 – Representantes dos trabalhadores pedem apoio de Deputados e Senadores;
08 de maio/15 – UNI – Sindicato Global – solicita reunião com o HSBC em Londres;
11 de Maio/15 – Contraf-CUT encaminha cartas de defesa do emprego, aos sindicatos e federações, para serem entregues aos parlamentares nos estados e municípios;
12 de maio/15 – Sindicato de Curitiba protocola ofício aos Vereadores da cidade em defesa do Emprego;
20 de maio/15 – Dirigentes vão a Brasília para reuniões no Cade – Conselho Administrativo de Defesa Econômica e Banco Central;
22 de maio/15 – Banco confirma venda das operações no Brasil;
25 de maio/15 – Entrega de pedido de apoio em defesa do emprego aos deputados estaduais do Paraná.
26 de maio/15 – Encontro Nacional dos Empregados do HSBC aprova ações em defesa de emprego e visibilidade nacional ao processo, buscando agregar outros órgãos, entidades e a sociedade.
27 de maio/15 – Ato no Banco Central em São Paulo cobra responsabilidade nas concessões.
28 de maio/15 – Reunião com Prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), a qual discute o reflexo da saída da sede do banco da Capital.
01 de junho/15 – Sindicato de Curitiba pede mediação ao Ministério Público do Trabalho em defesa do Emprego , com acordo de não demissão em massa. MP concede 15 dias para que HSBC se pronuncie.
02 de junho/15 – Audiência Pública na Assembleia Legislativa do Paraná em defesa do emprego.
09 de junho/15 – Paralisação Nacional e tribuna livre na Assembleia Legislativa Paraná.
10 de junho/15 – Reunião com HSBC em São Paulo, onde o banco negou a possibilidade de demissões em massa como forma de torná-lo mais atrativo para venda.
16 de junho/15 – Tribuna livre na Câmara de Vereadores Curitiba.
16 de junho/15 – Comitê Supra Setorial em defesa da Matriz em Curitiba, na Associação Comercial do Paraná.
23 de junho / 15 – Reunião com ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, e a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).