A política do Itaú Unibanco de atender parte de seus clientes por meio de agências digitais pode levar à demissão de até 30 mil funcionários em dez anos. Isso porque a instituição pretende cortar 50% de suas atuais quatro mil agências físicas – que o banco chama de ‘agência tijolo’ – na próxima década. Para os próximos três anos, a estratégia é cortar 15% do total de agências do País.
O anúncio foi feito na semana passada pelo executivo Marco Bonomi, diretor responsável pela área de Varejo do banco, durante reunião com acionistas. Atualmente, o banco presidido por Roberto Setubal tem 90 mil funcionários no total, sendo 60 mil trabalhando em agências. “O índice de eficiência [das agências digitais]é espetacular”, justificou Bonomi em sua apresentação (que pode ser vista aqui).
Bonomi diz que o banco observou que, enquanto a agência de tijolos ficava aberta das 10h às 16h, gerando, com isso, diversos custos, o cliente com perfil mais digital fazia transações online antes de sair do trabalho ou à noite, depois de chegar em casa. O conceito da agência digital vai além das transações realizadas online: envolve o relacionamento virtual entre o cliente e seu gerente.
As agências digitais começaram a ser abertas há dois anos para clientes do Itaú Personnalité, para os quais o banco exige um saldo mínimo de investimentos de R$ 100 mil. Hoje, o banco está estendendo a proposta digital ao Uniclass, onde espera atender 1,5 milhão de clientes em agências digitais até o fim de 2016.
Procurado pelo 247 para comentar a possibilidade de demissões, o Itaú ressaltou “a mudança de comportamento do consumidor (perfil mais digital)” e disse que isso teria levado à estratégia da instituição, mas não respondeu as perguntas que dizia respeito aos empregados. A assessoria de imprensa informou, por exemplo, que no novo formato de relacionamento com clientes “tem pessoas por trás atendendo de 7h às 24h”, mas também não esclareceu quantos funcionários trabalham em uma agência digital, nem se os atuais funcionários das agências físicas seriam realocados para outros áreas.
No mesmo evento com acionistas, o CEO Roberto Setúbal disse aos investidores que o Itaú não foi agressivo na disputa pelo HSBC porque “estamos acreditando muito mais na agência digital do que na agência do tijolo físico.”
Fonte: Brasil 247