Assim como aconteceu nas três rodadas de negociações anteriores – sobre emprego, saúde e condições de trabalho, segurança e igualdade de oportunidades –, a Fenaban ignorou as reivindicações econômicas da categoria discutidas nesta quarta-feira 16 pelo Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT e integrado pela Federação Centro Norte (Fetec-CUT/CN), apesar dos enormes lucros do sistema financeiro. E anunciou que irá apresentar uma proposta global, envolvendo todos os temas, somente em nova reunião no dia 25 de setembro.
“Após quatro rodadas de negociações, e de um dia inteiro de discussões sobre remuneração, para nossa ingrata surpresa os banqueiros não apresentaram nenhuma proposta, nem sobre os temas anteriores nem para as cláusulas econômicas. E disseram que só vão fazer uma proposta global no dia 25 de setembro. Demonstram que não estão preocupados com os trabalhadores, que são seu maior patrimônio”, critica José Avelino, presidente da Fetec-CUT/CN e membro do Comando Nacional.
“Teremos ainda que esperar mais dez dias para que os banqueiros façam uma proposta para as reivindicações entregues a eles no dia 11 de setembro. Faremos atividades de mobilização a semana toda para pressionar os banqueiros para que apresentem no dia 25 uma proposta que atenda as expectativas da categoria e não precisemos entrar em greve”, adverte Avelino.
“Os bancários exigem remuneração decente porque no primeiro semestre de 2015 somente os cinco maiores bancos apresentaram lucro líquido de R$ 36,1 bilhões em seis meses, um aumento de 27,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Eles têm a maior rentabilidade do sistema financeiro mundial e podem perfeitamente atender as reivindicações dos bancários”, conclui José Avelino.
Mobilização
“O Comando ficou muito insatisfeito e protestou veementemente. Não parece que estão interessados em resolver nossa campanha como afirmam. Para o dia 25 os bancários esperam uma proposta que justifique essa longa espera”, diz o presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten. “Um setor que ganha tanto deveria valorizar mais seus empregados na hora da campanha. Temos que estar muito mobilizados neste momento e com muita disposição para defender nossos direitos, empregos e salários.”
Nas negociações desta quarta-feira foram debatidas as seguintes reivindicações:
Reajuste de 16%
O reajuste de 16%, reivindicado pelos bancários, inclui reposição da inflação mais 5,7% de aumento real. Nos últimos 10 anos (2004 a 2014), a categoria bancária conquistou aumento real de 20,7%. O Comando alertou, durante a negociação com a Fenaban, que não aceitará retrocessos.
PLR
Estudos do Dieese apontam que quanto maior o lucro do banco, menor tende a ser o percentual de distribuição na forma de Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Os percentuais do Bradesco e do Itaú, por exemplo, foram 6,70% e 5,40%, respectivamente, sobre o lucro líquido de 2014, mas já chegaram a pagar 14% em 1995, quando os bancários começaram a negociar a PLR.
Diante desse quadro desproporcional, a categoria está reivindicando PLR de três salários mais parcela fixa de R$7.246,82. Na hipótese de prejuízo, os trabalhadores querem a garantia do pagamento de um salário mínimo do Dieese, referente ao mês de divulgação do balanço.
Os bancos sinalizaram para a manutenção das regras do ano passado com correção, mas ficou de apresentar um pacote global.
14º salário
Como valorização do trabalhado executado pelos bancários, os dirigentes sindicais reivindicaram o pagamento do 14º salário a todos o empregados, inclusive aos afastados e aos que tiveram o contrato de trabalho rescindido. A Fenaban disse não. Argumentou que não há justificativa para mais uma remuneração fixa e que a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) já conta com muitos benefícios.
Salário de ingresso
O Comando Nacional também quer garantir o piso inicial, no setor bancário, de R$3.299,66. O valor é equivalente ao salário mínimo indicado pelo Dieese, como essencial para a sobrevivência do trabalhador. A minuta da categoria também propõe o salário inicial de R$4.454,54 para caixas e operadores de atendimento e a criação dos pisos de R$ 5.609,42 para primeiro comissionado e de R$ 7.424,24 para primeiro gerente. Mas também não houve propostas por parte dos banqueiros.
Parcelamento de adiantamento de férias
Os dirigentes sindicais também defenderam a proposta da categoria de que os trabalhadores, por ocasião das férias, possam requerer que a devolução do adiantamento feito pelo banco seja efetuada em até dez parcelas iguais e sem juros, a partir do mês subsequente ao do crédito. Vários bancos já concedem essa vantagem aos bancários. Os banqueiros ficaram de discutir entre os bancos, para responder posteriormente.
Reajuste dos auxílios
Outra reivindicação é o aumento no valor dos vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá para R$788,00 ao mês, para cada, correspondendo ao valor do salário mínimo nacional vigente. Os banqueiros, mais uma vez, ficaram de responder futuramente às reivindicações.
Auxílio-educação
Os bancários ainda solicitaram que as despesas com ensino médio, graduação e pós-graduação sejam custeadas integralmente pelos bancos. Atualmente, o auxílio educacional é estabelecido conforme critério de cada instituição bancária. Nessa cláusula, não houve consenso entre os bancos e, consequentemente, não houve acordo.
15 minutos
O debate sobre os 15 minutos de pausa para mulheres antecedendo a jornada extraordinária também foi realizado nesta quarta. Foram feitas as explicações do súbito cumprimento da lei, por parte dos bancos, e do que poderia ser feito para modificar este procedimento. Foi combinado uma pausa no debate enquanto o assunto tramita no STF.
Fonte: Fetec-CUT/CN com Contraf-CUT