Após uma grande batalha durante todo o dia dentro e fora do Congresso Nacional, com uso de violência da polícia do DF contra os milhares de trabalhadores que se aglomeraram em frente ao parlamento para pressionar contra a votação do PL 4330, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou no final da noite desta terça-feira 7, por 316 votos contra 166, o caráter de urgência do projeto de lei que legaliza a terceirização no país. Assim, o mérito do PL 4330 vai a votação a partir das 9h desta quarta-feira 8, com previsão de que as várias emendas sejam votadas na semana que vem.
Mais do que nunca, é hora de intensificar a mobilização e pressionar os parlamentares em defesa do emprego e dos direitos da classe trabalhadora.
A Contraf-CUT e caravanas de bancários vindas de todas as regiões do país, organizadas por sindicatos e federações, participaram das manifestações em Brasília, protestando contra a terceirização e defendendo trabalho decente.
Mobilização
Logo pela manhã, o presidente da CUT, Vagner Freitas, teve um encontro com o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tentando negociar o adiamento do PL 4330. Porém, o parlamentar, que nesta terça-feira se vestiu de ditador e proibiu que o povo acessasse as galerias da Casa e enviou a PM para reprimir a manifestação, se mostrou irredutível em sua convicção de votar o projeto.
Em seguida, o PT ratificou sua posição contrária ao PL 4330 em reunião com Vagner Freitas. “Vamos fazer um esforço hercúleo para retirar esse projeto da pauta”, afirmou o líder da bancada, deputado Sibá Machado (PT-AC).
Na saída do encontro, o presidente da CUT reforçou o compromisso com os trabalhadores e corroborou a posição da central em relação ao PL 4330. “Nós não trocamos direitos dos trabalhadores por contribuição sindical”, afirmou Vagner.
Maria da Graça Costa, secretaria nacional de Relações do Trabalho da CUT, seguiu a mesma linha de raciocínio. “O dia de hoje serviu para ver quais sindicalistas estão ao lado do trabalhador. Agora, podemos diferenciar quem está preocupado com os trabalhadores e quem está com os patrões”, afirmou a dirigente, que ameaçou os parlamentares que votarem favoravelmente ao PL 4330. “Vamos colocar seus rostos em cartazes e a população vai saber quem precarizou o direito dos trabalhadores.”
Um pequeno grupo de dirigentes sindicais, que conseguiu entrar pela manhã na Câmara, percorreu os corredores nas imediações do plenário gritando palavras de ordem, como “Não, não, não, à terceirização”, “Terceirização é precarização”, e “Terceirização é coisa de ladrão”.
No plenário
Por volta das 22h se encerrou o debate no plenário da Câmara sobre a urgência pedida pelo deputado Eduardo Cunha, que coloca o PL 4330 na ordem do dia e liberado para votação.
Dessa forma, o texto do projeto será votado nesta quarta-feira em sessão extraordinária às 9h e em sessão ordinária às 14h. As emendas serão apreciadas pelos parlamentares na próxima semana.
Encaminharam contra a urgência as bancadas do PT, PRB, PDT, PCdoB, Pros, Psol e a liderança do governo. A favor da urgência encaminharam as bancadas do PMDB, PSDB, PSD, PR, DEM, Solidariedade, PPS, PV, PHS e parte do PSB.
Sobre os próximos passos, Vagner Freitas explicou o que pode acontecer no país, caso o projeto seja aprovado. “A terceirização não é para regulamentar a situação dos 12 milhões de trabalhadores que estão nessa situação, mas para tornar terceirizados os outros 40 milhões de trabalhadores.”
A CUT está articulando uma nova paralisação geral contra o PL 4330, com data a ainda a ser definida.
Fonte: Contraf-CUT com CUT