FETEC-CUT/CN – Com maior greve em 20 anos, bancários arrancam nova rodada de negociação com os bancos nesta terça
“A força dessa grande greve, em que os bancários mais uma vez estão dando uma demonstração de sua capacidade de mobilização e de unidade nacional, levou os bancos a voltarem à mesa de negociação. Esperamos que a Fenaban apresente uma proposta decente que atenda as expectativas da categoria e possa ser levada à apreciação das assembleias em todo o país”, afirma José Avelino, presidente da Fetec-CUT/CN e integrante do Comando Nacional dos Bancários.
Nesta segunda-feira, ao completar 14 dias e a greve entrar na terceira semana, foram fechados em todo o país 12.496 agências e 40 centros administrativos, um crescimento de 98,8% em relação ao primeiro dia. Nas bases dos 12 sindicatos filiados à Federação Centro Norte (Fetec-CUT/CN), estão paralisadas 1.384 agências, o que significa 49,3% a mais que no dia 6 de outubro, quando a greve nacional foi deflagrada.
FETEC-CUT/CN – Com maior greve em 20 anos, bancários arrancam nova rodada de negociação com os bancos nesta terça
Por que esta é a maior greve
Os bancários conquistaram em 1992, com grandes mobilizações e greves, a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), que garante os mesmos salários e os mesmos direitos para todos os trabalhadores do sistema financeiro nacional, de bancos públicos e privados, em todas as regiões do país.
As conquistas que vinham sendo acumuladas desde a redemocratização do Brasil, em meados da década de 1980, passaram a correr sérios riscos durante os dois governos de Fernando Henrique Cardoso, quando foram implementadas políticas econômicas neoliberais, coincidindo com uma reestruturação produtiva do sistema financeiro, que reduziu a categoria bancária a menos da metade (de aproximadamente 900 mil em 1990 a 400 mil em 2002) e ampliou as terceirizações.
Durante todo esse período, os bancários e suas entidades sindicais travaram uma verdadeira guerra de resistência para não perder direitos. Os reajustes salariais nos bancos privados contemplavam no máximo a inflação, ficando muitas vezes abaixo. E nos bancos públicos federais, além de uma grande redução do número de bancários, foram oito anos de reajuste salarial praticamente zero – e sem PLR. Nesse cenário desfavorável, não houve greve da categoria no período.
Os bancários voltaram a fazer grandes mobilizações a partir de 2003, com a posse do primeiro governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Desde 2004, com greves cada vez maiores, todos os anos a categoria conquistou aumentos reais de salários e outros avanços sociais e políticos. Nesses últimos 11 anos, os bancários tiveram 20,7% de ganho real no salário e 42,1% no piso salarial, além de conquistas no campo da saúde e das condições de trabalho (inclusive no combate ao assédio moral), da segurança e da igualdade de oportunidades.
O maior índice de adesão dos bancários a uma greve, nesse período, havia sido até agora em 2013, quando a categoria fez uma paralisação de 23 dias, fechando 12.140 agências no último dia e conquistando aumento real de 1,82% sobre os salários e demais verbas de 2,29% acima da inflação sobre o piso salarial. Nesta segunda-feira 19, os bancários já ultrapassaram esse recorde de paralisação de 2013.
Só para efeito comparativo, no 14º dia da greve de 2013, foram paralisadas 11.156 agências. No ano passado, a greve nacional durou apenas três dias e os bancários arrancaram 2,02% de aumento real (2,49% no piso).
Bancários não aceitam retroceder à época de arrocho salarial
“Essa já é, portanto, a maior greve da categoria bancária das últimas duas décadas. E continua crescendo a cada dia. Os bancários estão demonstrando sua indignação com os bancos, que têm no Brasil os maiores lucros e a mais alta rentabilidade do sistema financeiro mundial, pagam salários milionários a seus executivos e desrespeitam os trabalhadores que produzem esses resultados”, afirma José Avelino.
A greve foi deflagrada no dia 6 de outubro porque os bancos, em cinco rodadas de negociações, propuseram reajuste de 5,5% (o que é 4% abaixo da inflação) e ignoraram totalmente as reivindicações sobre emprego, saúde e condições de trabalho, segurança e igualdade de oportunidades.
“A estratégia dos banqueiros este ano é muito clara. Eles querem acabar com os aumentos reais e retroceder à política da década de 90, com arrocho salarial e retirada de direitos dos trabalhadores. Mas o recado dos trabalhadores também é claro. A greve continuará crescendo enquanto não houver aumento real e uma nova proposta que contemple proteção do emprego, melhores condições de trabalho, mais saúde e segurança e igualdade de oportunidades”, adverte Avelino.