Por Manoel Façanha, Com Informações Da Revista Exame
A compra da operação brasileira do HSBC pelo Bradesco por cerca de 17,6 bilhões de reais, anunciada nesta segunda-feira, pode ocasionar demissões e fechamento de agências, avalia Paulo Vicente, professor de estratégia da Fundação Dom Cabral (FDC).
“O que interessa na aquisição de um banco é fundamentalmente a carteira de clientes. O Bradesco vai buscar reduzir custos e, com isso, muitas agências vão fechar e muita gente vai ser despedida”, diz Paulo Vicente.
Bancos negam demissões em massa
O presidente do Sindicato dos Bancários do Acre, Edmar Batistela, funcionário do HSBC, vê a análise do professor com preocupação, tanto que na manhã de ontem esteve na agência do banco inglês em Rio Branco, para tentar tranquilizar os funcionários.
Na tarde de ontem (4), o representantes da CONTRAF-CUT, dos sindicatos dos bancários de São Paulo e de Curitiba e da Fetec-PR estiveram reunidos com a direção dos bancos Bradesco e HSBC para garantir a manutenção dos empregos e direitos dos trabalhadores, após aquisição do banco inglês. Os dirigentes dos dois bancos afirmaram aos representantes dos trabalhadores que não haverá demissões em massa.
Porém, quando o Itaú se fundiu ao Unibanco, em 2008, e quando o Real foi comprado pelo Santander, no mesmo ano, houve grande número de dispensa de mão-de-obra, apesar do discurso das instituições de não demitir.
Mesmo com a operação de compra do HSBC/Brasil, o Bradesco ainda não supera em termos de ativos totais o Itaú Unibanco, maior banco do país com 16,2% contra 16% do Bradesco.
No último ano, o HSBC no Brasil amargou um prejuízo de 532,7 milhões de reais. Por outro lado, o Bradesco fechou o balanço com um lucro de 15,08 bilhões de reais.
Mercado de ações
Em comunicado direcionado aos acionistas, o Bradesco informou que a aquisição do concorrente não terá impacto sobre a expectativa de lucro por ação em 2016 e só deve trazer efeitos positivos a partir de 2017.
Segmentação
Com a aquisição, o Bradesco, considerado popular, ganhou penetração no segmento de clientes de alta renda. Dos quase 5 milhões de correntistas que o HSBC tem no país, cerca de 1 milhão pode ser classificado nessa faixa.
A diferença entre o público das duas companhias abre ao Bradesco a oportunidade de criar um “novo banco”, na opinião de Vicente, da FDC.