Após mais de quatro meses, a Contraf-CUT, federações e sindicatos retomaram nesta quinta-feira (4) o processo de negociações com o Santander, durante o Comitê de Relações Trabalhistas (CRT), em São Paulo. A última reunião tinha sido realizada no dia 27 de fevereiro. O fim das demissões foi a principal cobrança feita pelos dirigentes sindicais.
A pauta específica de reivindicações, aprovada no Encontro Nacional dos Funcionários e entregue ao banco no dia 26 de junho, não chegou a debatida, frustrando a expectativa de todos. O novo superintendente de relações sindicais do Santander, Luiz Cláudio Xavier, que assumiu o cargo há 40 dias, alegou que ainda não conseguiu examinar todas as demandas, propondo discuti-la em nova reunião do CRT, agendada para o próximo dia 22, às 14h.
A pauta contém propostas de emprego, condições de trabalho, remuneração, saúde suplementar e previdência complementar, além das pendências de reuniões anteriores do CRT. “Esperamos que o novo negociador do Santander traga respostas concretas e que atendam as reivindicações dos trabalhadores, principais responsáveis por 26% do lucro mundial do banco espanhol”, ressalta Ademir Wiederkehr, funcionário do banco e secretário de imprensa da Contraf-CUT.
Demissões não param
A Contraf-CUT apresentou os números assustadores das homologações no primeiro semestre de 2013, a partir de informações enviadas ao Dieese pela maioria dos sindicatos através do “survey on-line”. O banco efetuou 2.604 desligamentos, dos quais 1.820 foram demissões sem justa causa, 670 a pedido, 43 demissões por justa causa e 71 por outros motivos.
Confira os números das dispensas imotivadas
– janeiro: 491;
– fevereiro: 183;
– março: 188;
– abril: 256;
– maio: 381;
– junho: 381;
– total: 1.820
Esses números, embora parciais, superam as demissões sem justa do primeiro semestre de 2012, conforme os dados do Caged entregues pelo Santander ao Ministério Público do Trabalho (MPT), durante as mediações sobre as demissões em massa ocorridas em dezembro. Nos primeiros seis meses do ano passado, o banco demitiu 1.175 funcionários sem justa causa.
“Cobramos o fim imediato das demissões e da política de rotatividade e terceirização, mais contratações e remanejamento dos funcionários atingidos por fusão de agências e extinção de funções”, destaca Ademir.
Foi também reivindicado o fim das homologações por prepostos terceirizados. Para a Contraf-CUT, trata-se de atividade-fim de uma empresa e, portanto, não pode ser entregue a terceiros.
Caixas sem metas individuais
Na reunião, o Santander entregou aos dirigentes sindicais o texto de um comunicado interno, que está sendo distribuído aos gerentes na rede de agências, sobre as atividades do caixa. Nele, consta que “as atividades do caixa devem ter como foco principal o atendimento eficiente ao cliente, sendo responsável pelas operações efetuadas nas terminas de caixa”.
O texto destaca que “esses profissionais não podem estar sujeitos ao cumprimento de metas individuais de venda de produtos bancários. E a avaliação deve ser baseada pelo atendimento”.
“Isso foi um avanço porque, embora o banco afirmasse não haver esse problema, ele nunca tinha se comprometido por escrito, o que aconteceu após muita cobrança do movimento sindical”, afirma Maria Rosani, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander. Ela orienta que os bancários devem procurar o sindicato caso os caixas continuem com metas individuais.
Combate ao assédio moral
O problema do assédio moral também foi discutido. Os dirigentes sindicais apontaram que ele está ligado à violência organizacional e às precárias condições de trabalho, pois há falta de funcionários, sobrecarga de serviços e metas abusivas.
“Nada justifica as reuniões diárias nas agências e a cobrança de metas ao longo de todo dia, assediando e estressando os trabalhadores”, critica Vera Marchioni, diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo. “O banco tem que acabar com esses procedimentos e combater o assédio moral em todas as áreas”, defende.
Fim das práticas antissindicais
Os dirigentes sindicais voltaram a cobrar o fim das práticas antissindicais, exigindo a retirada imediata das ações judiciais movidas pelo banco contra a Contraf-CUT, sindicatos, federações e Afubesp em função de protestos na final da Copa Libertadores de 2011 e no Dia Nacional de Luta em abril deste ano. “Não abrimos mão do direito de liberdade de expressão e repudiamos a tentativa de calar o movimento sindical”, enfatiza Ademir.
“Ao invés da judicialização dos conflitos, o banco deveria valorizar o diálogo, a negociação coletiva e o respeito aos trabalhadores e suas entidades sindicais e de representação”, salienta o diretor da Contraf-CUT. “Esperamos que o banco traga uma resposta positiva à reivindicação na próxima reunião”, conclui.
Outras reuniões
O banco também se posicionou a favor da retomada de reuniões específicas, fórum e grupo de trabalho, previstos no acordo aditivo à convenção coletiva, que estavam travadas.
Ficou agendada uma reunião sobre funcionários com deficiência (PCD) para o próximo dia 12. Também serão marcados e realizados ainda em julho o Fórum de Saúde e Condições de Trabalho, que tratará do programa de reabilitação profissional, o grupo de trabalho do SantanderPrevi e a reunião sobre Call Center.