A Contraf-CUT, Fenae e outras entidades do movimento sindical e associativo estão mobilizadas na luta em defesa da manutenção da Caixa Econômica Federal 100% pública. Há consenso entre todas elas: a abertura de capital do banco, proposta que estaria sendo estudada pelo governo, não interessa aos brasileiros. Ano após anos, a Caixa avança no mercado e reforça seu papel social. E é fundamental que ela siga sob o controle do Estado para que esse processo continue.
A semana seguinte à do Carnaval será de grandes ações. No dia 25 de fevereiro, na Câmara dos Deputados, será realizado oato em defesa da Caixa 100% pública. O objetivo do evento, organizado pela Fenae, pela Contraf/CUT e pelo gabinete da deputada federal Érika Kokay (PT/DF), é debater o tema não apenas sob a ótica de economistas e sindicalistas, mas também levando em conta as visões de empregados e usuários. Já no dia 26, o assunto será levado para a Marcha dos Trabalhadores, que vai ocorrer em várias cidades.
“A Caixa é um patrimônio do povo, que mostra todos os dias a importância que tem na vida da população, principalmente dos mais carentes. É um banco que tem conquistado clientes, emprestado recursos para habitação e injetado bilhões de Reais na economia. Ao mesmo tempo, é protagonista no desenvolvimento social do país, fazendo o pagamento de programas sociais e daqueles voltados ao trabalhador, e destinando recursos para áreas como infraestrutura e saneamento”, afirma Jair Pedro Ferreira, presidente da Fenae.
Já o Dia Nacional de Luta em Defesa da Caixa 100% Pública, em 27 de fevereiro, vai movimentar unidades e empregados do banco em todo o Brasil. A iniciativa é da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa – Contraf/CUT), e a proposta é de que os trabalhadores realizem ações nas agências e postem fotos nas redes sociais segurando o cartaz com a frase “Eu defendo a Caixa 100% pública”. Milhares de cópias desse cartaz já chegaram às unidades. As imagens devem ser postadas com a hashtag #acaixaédopovo, e também podem ser enviadas para os sindicatos e para as Apcefs, bem como para o e-mail caixapublica@fenae.org.br.
Fabiana Matheus, coordenadora da CEE/Caixa – Contraf/CUT e diretora de Administração e Finanças da Fenae, convoca os bancários e as bancárias para a mobilização. “Essa é uma luta de todos nós. Precisamos fazer história nesse dia nacional de luta, com reuniões nos locais de trabalho, atos na porta das unidades e retardamento na abertura de agências, entre outros. Enquanto organizamos as ações, aguardamos a audiência que solicitamos com o governo para saber o verdadeiro posicionamento sobre essa suposta proposta de abrir o capital”, diz.
Ações nos estados
As mobilizações das entidades e dos trabalhadores por uma Caixa 100% pública têm ocorrido em diversos estados. As primeiras aconteceram em 12 de janeiro, dia em que a empresa completou 154 anos. Em Brasília, a manifestação foi realizada em frente à Matriz. Em Fortaleza e João Pessoa, na porta de agências. Em outros locais como Belo Horizonte, Curitiba, Recife e São Paulo, foram divulgados artigos, cartas abertas, manifestos, notas e publicações.
“Na ocasião do aniversário, divulgamos um editorial no qual lembramos que o caráter social foi a marca do banco desde o seu surgimento. Foi na instituição que os escravos pouparam para comprar suas cartas de alforria. Apenas uma Caixa 100% pública será capaz de combinar atuação comercial e concorrência bancária com essa função de investir na melhoria de vida dos brasileiros”, afirma Natascha Brayner, diretora de Comunicação e Imprensa da Fenae.
No dia 20 de janeiro, protestos foram promovidos nas cidades baianas de Salvador, Feira de Santana, Camaçari, Vitória da Conquista, Ilhéus, Itabuna, Juazeiro, Jacobina e Irecê, e em Aracaju (SE). Vestidos de preto, os empregados rechaçaram qualquer tentativa de fatiar a Caixa. “Manter a empresa 100% pública é a garantia de que o Estado brasileiro tenha uma ferramenta eficiente para intervir no sistema de ameaças e crises internacionais”, ressaltou o presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Emanoel Souza de Jesus.
No dia 22 de janeiro, o Sindicato dos Bancários do Ceará realizou o seminário “Os impactos da abertura de capital da Caixa”. Fernando Neiva, representante-titular dos empregados no Conselho de Administração (CA) do banco, foi um dos participantes. “Todos os empregados devem se engajar nessa luta. Não podemos ter medo. É preciso firmeza e coragem para vencer mais esse desafio”, declarou. Em visita a Belém e Marabá, no Pará, nos dias 26 e 27, Neiva visitou unidades e conversou com os trabalhadores.
Em São Paulo, também em 27 de janeiro, delegados sindicais se reuniram para discutir o assunto. Já no dia seguinte, empregados se uniram em um abraço simbólico ao prédio do banco, na Avenida Paulista. “Defendemos uma Caixa com um peso econômico e social de extrema importância. Passam por ela 35% do PIB brasileiro”, observa Dionísio Reis, diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e membro da CEE/Caixa – Contraf/CUT.
No dia 28, foram realizados debates em mais quatro estados: Rio Grande do Sul, Pará, Acre e Piauí. No centro histórico da capital gaúcha, houve um ato em frente à Agência Praça da Alfândega. “A importância dos bancos públicos tem sido reforçada todos os dias. Na crise de 2008, enquanto os privados limitaram o crédito, instituições como a Caixa disponibilizaram mais dinheiro e ajudaram a evitar a recessão. Não há motivo para privatizar um banco que é aliado do Estado e da população”, diz Devanir Camargo da Silva, diretor executivo da Fenae.
No Paraná, o assunto foi discutido em uma reunião organizada pelo Sindicato dos Bancários de Umuarama, Assis Chateaubriand e Região, no dia 6 de fevereiro. Genésio Cardoso, diretor da Fetec-CUT/PR e membro da CEE/Caixa – Contraf/CUT, frisa: “Vamos combater com todas as nossas forças esse ataque contra a empresa. Assumimos o compromisso de criar, em 3 de março, um fórum estadual em defesa do banco, de caráter permanente, em parceria com entidades, órgãos públicos e movimentos sociais. No dia 27, Dia Nacional de Luta, daremos um abraço no prédio da Caixa da Praça Carlos Gomes”.
A manutenção da Caixa 100% pública também foi tema de um seminário em Recife, realizado no dia 9 de fevereiro pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco. Maria Rita Serrano, suplente eleita da representação dos empregados no CA, lembrou que o capital do Banco do Brasil foi aberto na década de 1970. “Naquele tempo, vivíamos uma ditadura e não tínhamos como lutar contra isso. Hoje, o país é outro e a democracia nos permite brigar com todas as nossas forças para impedir que esse tipo de medida afete a Caixa”, frisou.
Já no dia último dia 11, o Sindicato dos Bancários e Financiários de Bauru e Região promoveu o Dia de Luta na Caixa, distribuindo camisetas pretas para os empregados da agência Centenário. A ação foi realizada em parceria com os sindicatos do Rio Grande do Norte e do Maranhão. Na capital potiguar, na mesma data, houve manifestação em frente à Superintendência da Caixa, ocasião em que foi lançada a campanha Caixa: 100% do Povo Brasileiro.
E a mobilização não para. No dia 23 de fevereiro, o Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região promoverá o encontro de delegados sindicais da Caixa com o objetivo de discutir estratégias em defesa do banco 100% público. “Nós, dirigentes e delegados sindicais, mais uma vez temos um importante papel a desempenhar na mobilização da sociedade nessa luta”, afirma Eliana Brasil, presidente do Seeb/BH e também integrante da CEE/Caixa – Contraf/CUT.
No dia 5 de março, em São Caetano (SP), o Sindicato dos Bancários do ABC vai realizar o seminário A Caixa Que Queremos. Participarão, entre outros, Carlos Caser (presidente da Funcef), Maria Rita Serrano (representante suplente dos empregados no CA da Caixa), Jair Pedro Ferreira (presidente da Fenae) e Fabiana Matheus (coordenadora da CEE/Caixa e diretora de Administração e Finanças da Fenae). Já para 17 de março está agendado um seminário em Salvador.
“Todas essas ações nos estados são de extrema importância no sentido de conscientizar a nossa categoria e convocá-la para a luta. Só com a participação dela e da sociedade será possível barrarmos qualquer tentativa de fatiar o banco. A manutenção da Caixa 100% pública é fundamental para que o Brasil continue a trilhar o caminho do desenvolvimento econômico aliado às conquistas sociais”, ressalta Clotário Cardoso, vice-presidente da Fenae.
O diretor de Cultura da Federação, Moacir Carneiro, acrescenta: “A abertura de capital da Caixa só interessa ao setor privado, que está de olho no avanço do banco. No ano passado, a Caixa injetou quase R$ 700 bilhões na economia, cerca de 13,5% do PIB. São quase 80 milhões de correntistas e poupadores, um saldo de operações de crédito superior a R$ 605 bilhões e mais de 132 milhões de contas ativas do FGTS. Essa é a Caixa que queremos. Cem por cento pública, um patrimônio de todos os brasileiros”.
Fonte: Fenae com Contraf-CUT