As decisões e as propostas da Caixa apresentadas na primeira reunião de 2016 da mesa de negociação permanente são alarmantes, desrespeitosas, insensíveis, irresponsáveis, cruéis e caminham no sentido inverso do importante papel que a empresa deve desempenhar para o desenvolvimento social do país.
A avaliação e os adjetivos foram apresentados pelos membros da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa), integrada também pelos diretores do Sindicato Wandeir Severo e Fabiana Uehara, a cada intervenção do representante patronal. A reunião foi realizada na manhã desta quinta (28) no Hotel San Marco, em Brasília.
A empresa comunicou medidas e decisões que descumprem e rejeitam cláusulas homologadas anteriormente em mesa quanto, por exemplo, ao aumento do quadro de empregados, à agilização do pagamento das promoções por mérito, à utilização de superávits do Saúde Caixa para redução da taxa coparticipação e ao retorno do adiantamento para tratamento odontológico.
“É ridículo um negociador trazer uma resposta escrita tal qual um tabu. Isso não é negociar, é impor. Onde está a autonomia deste negociador? Onde está o princípio da boa-vontade que deveria nortear a negociação? Não houve nem este e nem aquela”, reclamou Wandeir Severo, que representa a Federação Centro Norte (Fetec-CUT/CN) na mesa.
A perspectiva, a partir das colocações da representação patronal, é de piora da situação, com mais sobrecarga de trabalho, mais pressão por metas, aumento dos afastamentos por doença e das reclamações de usuários. É que a Caixa reabrirá, no dia 1º de fevereiro, o prazo de inscrições para o Plano de Apoio à Aposentadoria (PAA), atrav&eac ute;s do qual prevê a adesão e o desligamento de cerca de 1.500 empregados até 29 de abril. E o pior é que não haverá prorrogação de validade do último concurso.
Não bastasse isso, o representante patronal, Sebastião Andrade, admitiu, após muita pressão dos representantes dos empregados, que está em andamento o piloto de reestruturação, que atinge prejudicialmente as vinculações funcionais, a rotina e o volume de trabalho na retaguarda, entre outras áreas. Andrade afirmou, ainda, que a Caixa irá estender esse projeto, chamado pelos empregados de “pacote de maldades”, a outras regiões.
Usando roupas pretas, os integrantes da Comissão de Empresa iniciaram a reunião protestando contra o desrespeito da Caixa com a mesa de negociação e com os empregados e contra a falta de transparência nas decisões.
Reedição do PAA
A previsão é que o programa atingirá um público-alvo de 11 mil funcionários que atendem às condições de aposentadoria. O prazo para adesão vai de 1º de fevereiro a 31 de março. Para desligamento, o período vai de 15 de fevereiro a 29 de abril.
Pagamento de promoção
Representante da Caixa afirmou que, por problemas no sistema, ficou difícil pagar a promoção em janeiro. A previsão é que o pagamento seja feito na folha de fevereiro, retroativo a janeiro de 2016. “Outra vez a direção da Caixa alega dificuldades com o sistema. Quem trabalha nas áreas de TI sabe que isso não é muito verdadeiro”, dispara Wandeir.
Pagamento da PLR
A justificativa da Caixa para não pagar a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) nos dois primeiros meses do ano é que esse pagamento está vinculado à divulgação do lucro da empresa, previsto para o final de fevereiro. Com isso, a PLR só será paga em março.
Saúde Caixa
Wandeir questionou a posição do Conselho Diretor de não aceitar a sugestão da mesa de destinação do superávit para redução da taxa de coparticipação. “O Conselho não tomou esta decisão de uma hora pra outra. Por que a direção da Caixa não nos informou antecipadamente?”, indagou. Os representantes da Comissão também não entenderam o desconhecimento da Caixa de que a redução é proporcional, isto é, reduz a taxa paga pelo empregado e pela empresa também.
Mais contratações
A Caixa continua alegando que, devido à crise econômica atual, não haverá mais contratações, nem mesmo para reposição do quadro de aposentados. “Esse argumento é muito ruim para o banco. Como a Caixa vai crescer, contribuir para o Brasil gerar mais emprego e renda e cumprir com sua missão social de forma satisfatória?”, questionou o diretor do Sindicato.
A Comissão de Empresa questionou o fato de o acordo coletivo ter estabelecido uma ampliação de dois mil empregados em 2015. No entanto, o quadro permaneceu em torno de 98 mil, ao contrário dos 103 mil previstos pelo Dest. O representante da Caixa disse que foram contratados 2.102 empregados no ano passado e alegou que o acordado era “contratar” e não “elevar o quadro”.
Atendimento odontológico
Num primeiro momento, a Caixa disse que não haveria como retomar o adiantamento para tratamento odontológico. Após pressão da Comissão, que discordou da proposta e ameaçou suspender a negociação, a Caixa pediu um intervalo e, após entrarem em contato com a área responsável, os representantes da empresa afirmaram que em até 30 dias a Caixa irá apresentar uma proposta.
Agência-barco
Sobre o acidente na Agência-barco na Ilha do Marajó, no Pará, Wandeir lembrou que em reuniões anteriores já havia alertado a empresa sobre defeitos que ocorriam no motor da embarcação e que, pelo visto, nada havia sido feito para reparar o problema. “Queremos reforçar o pedido da Fetec Centro Norte de que a Caixa observe com muito carinho a estrutura da nova embarcação que será destinada para esta Agência”, solicitou.
A Comissão ficou de encaminhar novamente as reivindicações dos funcionários das Agências-barco para ser discutida na próxima mesa de negociação, agendada para 31 de março.
Fórum Condições de Trabalho
Segundo avaliação dos representantes dos empregados, a implantação do Fórum Paritário Nacional sobre Condições de Trabalho, integrado por representantes dos empregados e do banco, foi o único ponto positivo da mesa.
Com a avaliação positiva dos fóruns regionais, que já contam com projetos pilotos em seis cidades, inclusive Brasília, o objetivo é ampliar o projeto até abril. Está prevista uma nova reunião do Fórum Nacional para o dia 16 de março.
Agenda de mobilização
Diante da postura da Caixa, a CEE remeteu às federações sugestões de datas para mobilizações e protestos dos empregados. “A única forma de barrarmos as maldades da atual direção da empresa é a nossa mobilização e unidade. Por isso solicitamos aos empregados e empregadas da Caixa que estejam atentos aos chamados do Sindicato para as próximas atividades”, finaliza Wandeir.
Fonte: SEEB/Brasília – Da Redação