A Contraf-CUT e o Sindicato dos Bancários de Pernambuco se reuniram com os bancos nesta segunda-feira, dia 4, em Recife, para a instalação oficial do grupo de trabalho que vai acompanhar o andamento do projeto-piloto de segurança bancária, implantado desde agosto na capital pernambucana, Olinda e Jaboatão dos Guararapes. Nesta primeira reunião, os representantes dos bancários deixaram claro para os bancos que o projeto-piloto só vai funcionar de fato se o grupo de trabalho tiver transparência nas informações e a participação ativa de todos os atores envolvidos.
Para isso, as entidades sindicais propuseram a realização de uma reunião ampliada do grupo com a participação da Secretaria de Defesa Social do Governo de Pernambuco, do Comando da Polícia Militar, do Delegado Geral da Polícia Civil, do Ministério Público e das prefeituras das três cidades, bem como de representantes das agências que participam do projeto-piloto.
Além disso, os bancários solicitaram que integre o grupo um representante do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), já que hoje fazem parte apenas os seis maiores bancos: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Santander, Itaú e HSBC. Os trabalhadores reivindicaram também a participação da Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) e do Sindicato dos Vigilantes de Pernambuco.
Os representantes dos bancários cobraram ainda a isenção das tarifas de transferência, uma vez que no protocolo assinado um dos compromissos de responsabilidade da Febraban é “promover estímulos para a realização de transações eletrônicas (DOC, DDA, cartões, etc) e redução do saque em dinheiro”. Para o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, “o melhor estímulo é a isenção das tarifas, evitando que os clientes sejam vítimas do crime da ‘saidinha de banco'”.
Segundo a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello, de todas essas reivindicações os bancos só aceitaram incluir o BNB no grupo. As demais ainda serão avaliadas. “Esta primeira reunião do grupo deixou a desejar. Para que o projeto-piloto funcione, de fato, precisamos envolver todas as agências e todos os órgãos que fazem parte do acordo”, diz.
Seis assaltos em seis meses
Segundo os bancos, foram registrados seis assaltos em Recife, Olinda e Jaboatão desde 1º de maio, mês em que o projeto-piloto foi assinado. Os representantes dos bancários solicitaram os boletins de ocorrência e mais informações, como os nomes dos bancos e das agências, mas os bancos não forneceram. Eles informaram que ocorreram também dois crimes de “saidinha de banco”.
Carlos Cordeiro destaca que o acordo assinado prevê que o grupo de trabalho terá acesso a todas as informações sobre as ocorrências registradas. “Mas os bancos não estão cumprindo este ponto do acordo. Precisamos de todos os dados disponíveis para que os trabalhos deste grupo não sejam um faz-de-conta”, aponta o presidente da Contraf-CUT.
Projeto implantado
Nesta primeira reunião, os bancos garantiram que o projeto-piloto já está implantado nas mais de 200 agências de Recife, Olinda e Jaboatão. O acordo garante a instalação de portas de segurança com detectores de metais, câmeras internas e externas, biombos entre a bateria de caixas e as filas, guarda-volumes, vigilantes com coletes a prova de balas e armados de acordo com a Lei 7.102/83 e cofre com dispositivo de retardo.
Nos últimos meses, o Sindicato percorreu as agências dos três municípios e constatou que os itens previstos no projeto-piloto realmente estão implantados. Mas constatou problemas nos biombos.
“Explicamos para os bancos que os biombos não estão funcionando a contento. O objetivo deste item é garantir a privacidade de quem está fazendo suas transações, a fim de coibir o chamado crime da saidinha de banco. As instituições financeiras ficaram de verificar o problema apontado pelo Sindicato para solucioná-lo”, explica o secretário de Formação do Sindicato, João Rufino, que representa o Nordeste no Coletivo Nacional de Segurança Bancária.
Para o secretário de Imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr, os bancários esperam que as próximas reuniões sejam mais produtivas. “Esperamos que os bancos atendam nossas reivindicações. Só assim o acordo irá trazer bons resultados para que, no futuro, as medidas do projeto-piloto sejam estendidas para todo o Brasil”, avalia Ademir.
Os representantes dos bancários solicitaram que a próxima reunião do grupo de trabalho seja marcada para a primeira semana de dezembro e que ela seja realizada no auditório do Sindicato com a participação de todos os órgãos e pessoas solicitados. Os representantes dos bancos ficaram de responder em breve.