São Paulo – O anúncio oficial de suspensão das reformas trabalhista e da Previdência não fará as centrais sindicais recuarem da Marcha da Classe Trabalhadora a Brasília. A mobilização, o #OcupaBrasília, continua de pé, agendada para quarta-feira 24. As representações dos trabalhadores exigem a retirada imediata das propostas em tramitação no Congresso Nacional.
Será a terceira mobilização depois da crise que atingiu em cheio o governo Temer após divulgação de áudios sobre uma reunião do presidente com Joesley Batista, um dos donos do frigorífico JBS.
A marcha está sendo organizada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), junto com a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), UGT (União Geral de Trabalhadores), Força Sindical, NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores), CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), Intersindical, CSP-Conlutas e CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros).
O presidente da CUT, Vagner Freitas, reforçou durante ato na Paulista, no domingo 21, que os movimentos não aceitarão ‘gambiarras’ ou qualquer coisa que não seja a saída de Temer e eleições diretas. Convocou a mobilização para o dia 24 pedindo eleições diretas com votação do povo – e não eleição indireta, com a decisão nas mãos do Congresso, como querem a velha mídia e a parte conservadora dos parlamentares –, além do fim das reformas trabalhista e Previdenciária, que retiram direitos e atacam a classe trabalhadora.
“Vamos ocupar Brasília e não nos venham com propostas golpistas. Eles querem entregar o pacote das reformas, nós queremos uma Constituinte. O povo não pode ser relegado a segundo plano. O povo tem direito de votar e não vamos aceitar que nossos direitos sejam retirados”, disse.
Crise e suspensão – As reformas trabalhista (PLC 38/2017) e da Previdência (PEC 287) tiveram seus trâmites suspensos pelos relatores das propostas logo depois da divulgação de áudios sobre uma reunião de Temer com Joesley Batista.
A reforma trabalhista, que representa na prática o fim dos direitos previstos na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), já foi aprovada pela Câmara e agora espera análise das Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Assuntos Sociais (CAS) do Senado. “A crise institucional que estamos enfrentando é devastadora e precisamos priorizar a sua solução, para depois darmos desdobramento ao debate relacionado à reforma trabalhista”, justificou, em nota, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) para frear o andamento do projeto.
O ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, disse ao Globo, no entanto, que o governo já conseguiu reverter o cronograma da reforma trabalhista no Senado. E que Ferraço voltou atrás e manteve a tramitação prevista da proposta, na Casa.
“Temos de ficar alertas: a suspensão da tramitação dos projetos pode nos dar mais tempo para debater e mostrar que ambas as propostas são muito prejudiciais para a classe trabalhadora. Mas os empresários querem a aprovação desses projetos e vão insistir nisso. Não podemos nos esquecer que a maior parte dos congressistas tiveram suas campanhas financiadas pelo empresariado”, disse o presidente da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Roberto von der Osten.
A reforma da Previdência, que na prática acaba com a aposentadoria pública no país, seguiu pelo mesmo caminho, mas na Câmara dos Deputados. O relator da PEC 287, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), alegou, também em nota, que “não há espaço para avançarmos com a Reforma da Previdência no Congresso Nacional nessas circunstâncias’.
Fonte: Redação Spbancarios, com informações da Contraf-CUT e do Extra