São Paulo – O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) voltou atrás em sua decisão de suspender o trâmite da reforma trabalhista (PLC 38/2017) e afirmou, na segunda 22, que pretende apresentar o relatório sobre o tema na reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) agendada terça-feira 23. O mesmo parlamentar havia paralisado o trâmite da proposta na quinta 19, horas após o início da crise do governo Temer, autor do projeto.
A mudança saiu após reunião da bancada do PSDB no Senado. “Uma coisa é a dramática crise institucional que vive o governo brasileiro, é uma crise sem precedentes, muito complexa. Mas nós não podemos misturar a crise institucional com o nosso dever e nosso compromisso com o país. Esse é um debate que começou há meses no Congresso brasileiro e amanhã estaremos dando o primeiro passo com a leitura do nosso relatório sobre a reforma trabalhista – afirmou Ferraço, que também é relator da proposta na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) da mesma Casa.
As palavras do senador são bem diferentes das proferidas meia semana antes: “A crise institucional que estamos enfrentando é devastadora e precisamos priorizar a sua solução, para depois darmos desdobramento ao debate relacionado à reforma trabalhista. Portanto, na condição de relator do projeto, anuncio que o calendário de discussões anunciado está suspenso. Não há como desconhecer um tema complexo como o trazido pela crise institucional. Todo o resto agora é secundário”, afirmara na quinta 19. O texto já foi aprovado pela Câmara.
“Esse governo acabou” – A reação à súbita mudança do tucano veio a galope. “Eu peço responsabilidade do relator e do presidente da CAE. Eu garanto que nós não vamos aceitar. A gente não aceita. Se eles querem trazer essa confusão para dentro do Senado, podem trazer. Nossa postura é de não aceitar que eles façam essa maldade com o povo brasileiro no meio dessa crise. Esse governo acabou. Espero que o presidente da CAE e o relator revejam essa posição”, afirmou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
Reaja! – A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, lembra que é preciso manter a pressão sobre os parlamentares para que eles votem contra as reformas da Previdência e trabalhista. “A reforma da Previdência, apesar de estar suspensa, ainda está na Câmara, então mande e-mails para os deputados. A trabalhista já foi aprovada pelos deputados e agora no Senado, então, mande e-mail para os senadores. Nos dois casos, diga que se eles votarem a favor não serão reeleitos.”