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RETRATO DA VIDA: UM BANCÁRIO QUE ACABOU VIRANDO PALHAÇO

No período de transição pós-ditadura militar, precisamente em meados dos anos de 1980, o Brasil enfrentou inúmeras greves de trabalhadores. Numa delas, ocorrida na cidade de Rio Branco, a categoria bancária, cansada da política de arrocho salarial, foi às ruas reivindicar melhores salários e condições de trabalho.

palhaço

Um dos personagens do ato corajoso à época de repressão era o então bancário Rogerio Rufino, hoje conhecido no meio da cultura acreana, pelo apelido de Palhaço Rufino. Nesta semana, após emprestar seu talento no lançamento da campanha salarial dos bancários, ele se lembrou da histórica greve, movimento então encabeçado pelo ex-deputado comunista Sérgio Taboada (Banco do Brasil) e a hoje professora universitária Maria José Dantas Muniz (Banacre), ambos da direção da extinta Associação dos Bancários do Acre.

Neste episódio, Rufino, então funcionário do Bradesco, participou ativamente das paralisações, inclusive fazendo parte do comando de greve. No retorno ao trabalho, após uma greve vitoriosa, não foi demitido por força do recém-acordo coletivo assinado entre patrões e empregados, o lembra.

A saída do Bradesco não custou muito. Rufino, um apaixonado pela arte de interpretar, e um amigo, foram convidados a participar de um festival de teatro fora do Estado.

Uma semana depois, após ficar entre os três melhores atores do festival, ele retornou ao trabalho. No mesmo dia foi chamado pelo chefe.

“Rapaz, sentei na cadeira e ele foi logo perguntando sobre a operação do joelho”. Respondi que não foi preciso operar. Com cara de poucos amigos, ele puxou um jornal local e fez a seguinte pergunta: porque você não foi o melhor ator do festival?
Respondi sem piscar: era porque tinha dois caras melhores que eu, chefe! “Furioso, ele me mandou passar no setor pessoal para assinar o meu 29 (código de demissão)”, lembrou Rogério Rufino sem nenhum arrependimento.

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