Salários dos bancários não seguem crescimento dos bancos, aponta Dieese

Rede de Comunicação dos Bancários
Rodrigo Couto

Entre 2001 e 2013, enquanto o lucro dos maiores bancos (BB, Itaú, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC) cresceu quase cinco vezes e o Produto Interno Bruto (PIB) – soma de todas as riquezas que o país produz – quase dobrou, a remuneração média dos bancários permaneceu praticamente no mesmo patamar. É o que concluiu a coordenadora da Rede Bancários doDepartamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômico (Dieese), Regina Camargos, durante o painel sobre Condições de Trabalho e Remuneração, apresentado nesta sexta-feira (25), primeiro dia da 16ª Conferência Nacional dos Bancários.

 

Para se ter uma ideia do abismo que separa os ganhos dos bancos e o salário médio dos bancários, as seis maiores instituições financeiras do país registraram em 2001 lucro líquido de R$ 9,8 bilhões. Já em 2013, os ganhos dos mesmos bancos atingiram a impressionante cifra de R$ 57,7 bilhões. Em 12 anos, o lucro líquido dos maiores conglomerados do sistema financeiro nacional cresceu 487%.

Em contrapartida, o salário médio dos bancários diminuiu nesse mesmo período analisado pelo Dieese. Em 2001, os bancários ganhavam, em média, R$ 5.016,72. Já uma década depois (2011), esse valor caiu para R$ 4.743,59.

Atividade bancária cresceu muito mais que o emprego no setor
Ainda de acordo com Regina Camargos, enquanto as operações de crédito dos seis maiores bancos do país cresceram mais de 494%, o numero de empregados registrou aumento de 52,7%. A análise do Dieese também destacou outros dados infinitamente bem mais favoráveis aos bancos: ativos, crescimento de 266%, patrimônio líquido, incremento de 214%, e operações de tesouraria, aumento de 202%.

Na avaliação da coordenadora da Rede Bancários do Dieese, a rotatividade é a grande responsável pela anulação dos ganhos da categoria. “Isso explica, em parte, o fato de a remuneração crescer de forma lenta”, destacou.

Piso do Dieese só em meados de 2028

Apesar do ganho real acumulado desde 2004, de 34,6%, se o piso da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários continuar evoluindo na velocidade atual, somente em meados de 2028 o salário de ingresso atingirá 2.682,22.

Alarmantes, os dados apresentados por Regina Camargos expõem a total falta de compromisso das instituições financeiras com seu maior patrimônio: os bancários.

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