O Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT e assessorado pelo Coletivo Nacional de Saúde do Trabalhador, se reúne na próxima quinta-feira, dia 7 de novembro, com a Fenaban, em São Paulo, para instalar o grupo de trabalho bipartite sobre o adoecimento da categoria. Também será discutido a melhoria do programa de combate ao assédio moral.
A criação desse espaço é uma das conquistas da Campanha 2013, fruto da intensa mobilização dos bancários e do contínuo esforço das entidades sindicais e especialistas em saúde do trabalhador por melhorias nas condições de trabalho, que está previsto na cláusula 61ª – Grupo de Trabalho Bipartite – Análise dos Afastamentos do Trabalho – da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) de 2013/2014.
O que diz cláusula 61ª da CCT
“As partes ajustam entre si a criação de um grupo de trabalho de caráter transitório, que vigorará pelo prazo de vigência da presente Convenção Coletiva de Trabalho e se exinguirá em 31/08/2014, para análise das causas dos afastamentos no trabalho dos empregados do setor.
Parágrafo Primeiro
O grupo de trabalho será constituído de forma bipartite, em igual número de representantes.
Parágrafo Segundo
No prazo de 15 (quinze) dias, contados da data da assinatura desta Convenção Coletiva de Trabalho, as partes de comum acordo fixarão o calendário de reuniões do grupo de trabalho.”
Expectativas dos bancários
Segundo Walcir Previtale, secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, um dos objetivos do grupo de trabalho é elaborar um diagnóstico real da saúde dos bancários que adoecem e se afastam do trabalho e, no que depender das entidades sindicais, será realizado um estudo profundo, mas para isso é preciso que os bancos forneçam as informações necessárias.
“Em 2012, tivemos 21.144 bancários que foram oficialmente afastados de suas funções pelo INSS com problemas de saúde, mas sabemos que esse número pode chegar a 60 mil, pois observamos que é enorme a quantidade de pedidos indeferidos”, afirma Walcir, que critica a organização do trabalho dentro dos bancos, que leva ao adoecimento dos bancários.
Desses 21.144 bancários afastados por adoecimento, 25,7% foram por estresse, depressão, síndrome de pânico e transtornos mentais relacionados diretamente ao trabalho. Outros 27% se afastaram em razão de lesões por esforços repetitivos (LER/Dort). Somente nos primeiros três meses deste ano, 4.387 bancários já haviam sido afastados por adoecimento, sendo 25,8% por transtornos mentais e 25,4% por LER/Dort.
A consulta nacional, realizada pela Contraf-CUT, federações e sindicatos, entre maio e julho deste ano, mostrou que 18% dos bancários que responderam declararam ter se afastado do trabalho por motivos de doença nos 12 meses anteriores e 19% disseram usar medicação controlada.
Em relação aos problemas de saúde, 66,4% responderam na mesma consulta que as metas abusivas são o mais grave problema enfrentado pela categoria. O levantamento apontou que 58,2% reivindicam o combate ao assédio moral, enquanto 27,4% assinalaram a falta de segurança contra assaltos e sequestros.
Metas abusivas, assédio moral, sensação de insegurança e individualização das funções são fatores evidentes de tensão que afetam o dia a dia e a saúde dos bancários. “É preciso que haja um olhar mais coletivo do processo de trabalho e que os trabalhadores participem nas definições das metas”, enfatiza Previtale.